Manuel Lemos quer reafirmar identidade das instituições católicas para ajudar «o mais possível e até onde for possível»
Lisboa, 30 nov 2012 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vai iniciar este sábado o seu terceiro e último mandato à frente da organização com a promessa de ação face aos “tempos muito difíceis” que o país vive.
“É nestes tempos que a nossa missão ganha todo o esplendor e todo o sentido, portanto é importante que nos preparemos para ajudar as pessoas o mais possível e até onde for possível, sabendo que nós não somos o Estado”, disse hoje Manuel Lemos à Agência ECCLESIA.
Este responsável frisa que o seu objetivo primeiro passa por “assegurar a sustentabilidade” das instituições, o que considera “um grande desafio”, procurando também “novas respostas”.
O presidente da UMP considera que a missão das Misericórdias pode ir, nalgumas circunstâncias, “para além do Estado”, mas frisa que a cooperação bilateral é essencial.
Neste sentido, Manuel Lemos admite “olhar com atenção” para os desafios que se podem vir a colocar na área da Educação, no contexto da reformulação do Estado Social defendida pelo atual Governo, com um percurso “discreto, mas permanente” de regresso ao setor.
O responsável diz que atualmente a prioridade é “retornar com segurança à área da saúde”, onde se incluem 115 unidades de cuidados continuados, e assegurar as “respostas tradicionais na área da assistência”.
A cerimónia de posse dos novos órgãos sociais para o triénio 2013/2015 da UMP, que coordena cerca de 400 Santas Casas de Misericórdia em Portugal, vai decorrer pelas 15h30 de sábado, no auditório do Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II, em Fátima.
A sessão vai contar com a presença do ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, e do secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Marujão.
Numa carta enviada aos provedores, anunciando a sua recandidatura, Manuel Lemos alertava para os que “olham para o Estado Social como uma excrescência das ideologias do século passado, com o maior desprezo pela dignidade humana e pela Doutrina Social da Igreja”.
Entre outras propostas, a lista liderada por Manuel de Lemos, pretende reforçar “os princípios da autonomia cooperante e da cooperação” em relação ao Estado, à Igreja e demais instituições da sociedade civil.
Durante o mandato que agora se conclui, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou um Decreto Geral Interpretativo para as Misericórdias, que passou a regular as relações bilaterais a partir do dia 18 de junho de 2011.
Manuel Lemos elogia, neste contexto, a ação de D. Jorge Ortiga, antigo presidente da CEP e atual responsável pela Pastoral Social, considerando que o arcebispo de Braga tem promovido “uma relação franca, aberta, leal e cooperante” com a UMP.
“Temos dado passos muito significativos para afirmarmos a força da Igreja na sociedade. Não temos medo nenhum de afirmar os nossos valores, os nossos princípios, aquilo que nos rege”, acrescenta.
O responsável alerta, por outro lado, para “epifenómenos” que tendem a desvalorizar a ação da UMP, em concreto “na área da saúde”.
Para Manuel Lemos, a “competência” e o “rigor” das Misericórdias têm levado a que o Estado seja “sucessivamente vergado” à “força da razão”, reconhecendo o seu papel.
“Somos instituições com muito futuro”, conclui Manuel Lemos.
OC