Misericórdias desenham futuro

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas garantiu, esta quinta-feira, que estas instituições poderiam ajudar o Estado a fazer diminuir as listas de espera para cirurgia em cerca de 80% das situações. No dia em que tem início o Congresso Nacional das Misericórdias, em Braga, subordinado ao tema “Modernidade e Boas Prácticas”, Manuel Lemos defende que não faz sentido que o Estado não aproveite as capacidades destas instituições, quando, em alguns serviços do Estado, existe um certo imobilismo. “O Estado muitas vezes tem uma capacidade instalada, mas não a aproveita porque se a aproveitasse não havia listas de espera. Por exemplo, aqui no norte, isso é muito evidente. Podíamos resolvê-la em 80 a 90% das listas de espera. Não é legitimo que nenhum cidadão português esteja à espera mais do que é razoável. Na Misericórdia pode fazê-lo na semana seguinte ou na quinzena seguinte”, afirmou, em declarações reproduzidas na Rádio Renascença, o presidente das Misericórdias. O ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva, garantiu, por seu lado, “abertura real do Governo» para uma cooperação «mais intensa” com as Misericórdias portuguesas. Este responsável destacou longamente o trabalho de parceria já realizado entre o Estado e aquelas instituições sociais para asseverar que “o passado de cooperação garante o futuro”. Misericórdias e Igreja O Arcebispo de Braga e actual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, não deixou passar em claro a oportunidade de ter reunido um grande número das Misericórdias do país para relembrar que as mesmas, “como associações Públicas de Fiéis da Igreja, acolhem a orientação do magistério papal”. O prelado não escondeu o facto das Misericórdias primarem “por uma permanente renovação” que, aliás, lhes permitiu continuar a “conservar a juventude de ideais mesmo numa história multissecular”. Perante as centenas de participantes do congresso, o Arcebispo referiu que, na sua actuação, importa às Misericórdias “testemunhar uma competência profissional”. Contudo, lembrando a encíclica do Papa Bento XVI, “Deus caritas est”, D. Jorge Ortiga frisou que tal competência “por si só não basta” apelando que, pela sua actuação, devem levar os utentes ao “encontro com Deus”. Ainda que a Igreja reconheça que a caridade não deva ser um meio em função do “proselitismo”, o prelado referenciou que tal “não significa que a acção caritativa deva deixar Deus e Cristo de lado”, uma vez que, acrescentou, “está sempre em jogo o homem todo”. Ao congresso, D. Jorge Ortiga apelou que seja uma oportunidade para uma “vida nova na fidelidade a um ideal com muita e nobre história”. (Com Diário do Minho)

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