Minorias religiosas discriminadas na Grécia

A discriminação contra as minorias religiosas na Grécia estende-se mesmo até depois da morte: muitos cemitérios não aceitam fiéis que não sejam da Igreja Ortodoxa nacional, com mais de 95% dos habitantes do país. Nikolaos Gasparakis, da Igreja Católica (cerca de 126.000 fiéis em 11 milhões de habitantes), refere à AFP que são os cemitérios católicos na Grécia são “raros” e que a situação causa muito sofrimento às famílias. “Mesmo quando encontramos um lugar, os ortodoxos recusam-se a ceder as capelas dos cemitérios”, aponta. Iannis Ktistakis, da liga grega dos direitos humanos, fala em “sectarismo” das autoridades locais, extensiva aos membros da comunidade grega muçulmana – que chegam a ter de fazer viagens de mais de 800 quilómetros para enterrar os seus familiares. Para Gasparakis, a situação “ainda é pior para os imigrantes na Grécia do que para os gregos não-ortodoxos”, relatando o caso de um polaco, católico, para quem um Bispo ortodoxo não admitia o direito a ser enterrado nem a uma celebração litúrgica. Os que decidem ser cremados – prática classificada como sacrilégio pela Igreja Ortodoxa – acabam, geralmente, por ir parar à Bulgária. Há casos em que a segurança social recusou a ajuda financeira devida a uma viúva por esta ter cremado o corpo do seu marido. A Grécia é o país da UE com mais significativas violações à liberdade religiosa. A Constituição declara no seu artigo 3º que a Igreja Ortodoxa grega é a religião “oficial” do Estado. Qulquer grupo de cidadãos que queira fundar uma igreja e abrir um templo não o pode fazer sem obter a necessária autorização junto da Igreja Ortodoxa. Assim, apesar da existência de uma grande comunidade de muçulmanos em Atenas (cerca de 25 mil), ainda nenhuma mesquita está construída nessa cidade. Outro facto curioso tem a ver com os Bilhetes de Identidade: por imposição da UE, os mesmos deixaram de mencionar a religião do seu portador, mas como os B.I. gregos são vitalícios, aqueles que foram emitidos antes de 2001 continuam a exibir a religião da pessoa.

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