Migrantes/Sem-abrigo: Comunidade Vida e Paz disponível para colaborar na «defesa das pessoas e da sua dignidade»

Horácio Félix diz que falta de regulamentação abre caminho a situações de «exploração» e «indignidade»

Renata Alves, diretora-geral da CVP, e Horácio Félix, presidente da CVP
Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 04 jun 2024 (Ecclesia) – O presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP), do Patriarcado de Lisboa que acompanha pessoas em situação de sem-abrigo, disse hoje que a instituição católica está pronta para colaborar na “defesa das pessoas e da sua dignidade”, com todos os parceiros no terreno.

“Preocupam-nos naturalmente todas as pessoas, sejam migrantes ou sejam nacionais, e também manifestar a nossa disponibilidade para aquilo que a Câmara entender necessário da parte da Comunidade Vida e Paz”, disse à Agência ECCLESIA Horácio Félix, após uma audiência com o presidente da autarquia lisboeta, Carlos Moedas.

O responsável da CVP sublinha que as pessoas em situação de sem-abrigo têm “características muito próprias”, desde os problemas de “adição e doença mental” à atual questão dos migrantes ou pessoas que acabaram por perder as suas casas.

Para Horácio Félix, é necessária “uma solução rápida de acordo com a dignidade que as pessoas merecem”.

“A situação em que deixaram as pessoas é uma indignidade”, denunciou.

O Governo português apresentou, esta segunda-feira, o seu Plano de Ação para as Migrações, matéria sobre a qual a CVP foi “auscultada” pela Presidência do Conselho de Ministros.

“Precisamos dar dignidade a todas as pessoas, especialmente aquelas às quais se criaram condições para serem exploradas, porque a situação em que elas estão permite a exploração por parte de outras pessoas, infelizmente”, advertiu o entrevistado.

Para Horácio Félix, assegurar a regulamentação e a documentação “em tempo útil” permite que os migrantes possam “defender-se das máfias que os exploram e, por outro lado, ter uma vida cada vez mais digna”.

O responsável recorda a experiência que se vive na festa de Natal da CVP, onde várias instituições ajudam os participantes a regularizar a sua documentação, “com os seus direitos restituídos”.

A CVP enfrente dificuldades financeiras, com as suas contas a “aproximar-se cada vez mais do vermelho”, alerta o entrevistado, apesar da ajuda de “muitos benfeitores”.

“Esperamos não ter de tomar medidas drásticas, que impliquem cuidar menos bem das pessoas que confiam em nós”, concluiu o presidente da instituição.

A delegação da CVP incluiu a presença de Renata Alves, diretora-geral.

Ainda esta manhã, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, defendeu a criação de um centro de acolhimento temporário de imigrantes “o mais depressa possível”.

“Não podem estar em Arroios, em tendas. Isto é doloroso, é inaceitável, e o presidente da câmara não pode fazer nada, porque a maior parte deles não está documentado”, afirmou, à margem de uma reunião sobre o impacto económico da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023.

HM/OC

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