«Como seriam 24 horas sem imigrantes?» é a pergunta que a Cáritas Portuguesa lança para o reconhecimento e valorização dos migrantes
Lisboa, 11 ago 2020 (Ecclesia) – Os imigrantes que residem em Portugal são fundamentais para o desenvolvimento e o seu trabalho revelou-se essencial durante a fase de confinamento, na concretização de “muitos serviços essenciais” ao funcionamento social, indica Filipa Abecassis, da Caritas Portuguesa.
“Muitos serviços básicos essenciais estariam afectados, como o caso das limpezas, a higiene, as cadeiras alimentares, por exemplo, são funções que se revelaram fundamentais”, indica a responsável da Unidade Internacional na Cáritas Portuguesa em declarações à Agência ECCLESIA.
A Cáritas Portuguesa termina, em setembro, o projeto MIND, em parceria com a sua congénere europeia e outras nacionais, que visava contribuir para uma visão positiva sobre os migrantes e o seu contributo para o desenvolvimento social de cada país.
Três anos depois, o balanço é “muito positivo” e, segundo um estudo do “eurobarometro sobre a percepção da Europa face aos migrantes”, Portugal tem registado essa melhoria.
Promover sociedades mais justas e mostrar a contribuição dos migrantes para o desenvolvimento foram os grandes objetivos do projeto, em desenvolvimento desde 2017, que quis atingir escolas, universidades e jornalistas.
“No último ano o grande foco foi o contributo dos migrantes para o desenvolvimento: cContribuem muito para a economia e demografia e também os emigrantes portugueses o fazem lá fora. As remessas enviadas e o contributo de outros cá são muito importantes e é necessário revelá-lo com factos reais”, esclarece.
Como seria um dia na vida de cada pessoa se não houvesse imigrantes em Portugal foi o desafio lançado nas redes sociais a algumas personalidades e ao público em geral de forma a perceber o impato social e económico.
“Um restaurante que gostam muito, por exemplo, italiano ou indiano: como seria se esse restaurante não existisse ou se não tivesse empregados?”, lança a responsável, que indica o contributo social de quem chega a Portugal.
“Em Lisboa há zonas, como a Mouraria, que era uma zona degradada e com a chegada de imigrantes, o bairro foi revitalizado. Com isso surgem associações que ajudam a tirar o estigma a zonas que poderiam ser consideradas degradadas ou perigosas”, esclarece.
Filipa Abecassis sublinha que a Europa não sobrevive sem migrantes e que, ao contrário da perceção que se tem, “a maioria dos migrantes que aqui circulam são pessoas internas, cidadãos europeus”.
A Caritas Portuguesa, através das suas parceiras, está a acompanhar o trabalho da Comissão europeia e, nota a responsável, “existe o envolvimento dos cidadãos na definição de políticas a tomar. O seu envolvimento vai sendo cada vez mais desenvolvido”.
A instituição de ação social da Igreja católica apresenta como eixos de ação a ajuda humanitária, a ligação à União europeia relacionando as migrações e o desenvolvimento, e a ligação a Cáritas lusófonas.
Filipa Abecassis realça uma “grande abertura por parte do governo” para a ação da Cáritas, não apenas em “participação de atividades, como em reuniões ou acolhimento de recomendações sobre políticas a desenvolver”.
“Portugal foi o primeiro país do mundo a ter um plano para a implementação do pacto global e é algo que estamos a acompanhar”, esclarece.
O projeto «Mala da partilha», desenvolvido no âmbito da iniciativa «Partilhar a Viagem», que percorreu as dioceses portuguesas, foi recentemente editado em livro, contando com 71 histórias onde se podem conhecer as dificuldades e os desafios de quem escolhe Portugal como destino de vida.
PR/LS