Presidente da Cáritas Portuguesa pediu aos emigrantes para «não irem na cantiga de quem promete trabalho»
Lisboa, 19 abr 2012 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa apelou hoje aos portugueses que pensam emigrar para se “informarem antes da partida” e “não irem na cantiga de quem promete trabalho sem saberem as condições”.
Devido ao “enorme fluxo emigratório”, Eugénio Fonseca referiu à Agência ECCLESIA, no encontro a decorrer em Alfragide (Lisboa), esta quarta e quinta-feira, com responsáveis de Cáritas e capelanias católicas de alguns países europeus, que a “primeira condição para a partida é estarem bem informados” e “saberem se existe mesmo trabalho”.
Nos últimos tempos, o número de portugueses que partiu para outros países na busca de melhores condições de vida foi “elevado, como nunca visto noutras décadas”, referiu Eugénio da Fonseca.
Com o intuito de ajudar esses potenciais emigrantes, o governo português “vai criar uma linha de apoio” informativo e, assim, “não será necessário a Cáritas e a Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) criarem essa linha”, como tinham pensado em janeiro último.
Segundo o diretor da OCPM, Frei Francisco Sales, têm surgido “situações demasiado dramáticas para serem ignoradas” porque muitos dos emigrantes saíram do país “sem garantias” e “desconhecendo as realidades e o mercado de trabalho”.
Na partida para outras paragens, a expectativa “de vencer é enorme”, mas alguns ficam “numa situação pior”, lamentou Frei Francisco Sales que acrescenta: “Depois ficam com vergonha de voltar a Portugal e entram na degradação até caírem em situações desumanas”.
Segundo o responsável da OCPM, a “Suíça e a Inglaterra” são os países onde “existem mais casos dramáticos” porque se criou a ideia – “que é enganadora” – que estes “são o «el dorado» e onde se ganha muito dinheiro”.
Apesar desses países terem “salários superiores aos de Portugal” e com “valores cativantes”, o presidente da Cáritas Portuguesa realça que “as despesas (alimentação e habitação) também o são” por isso aconselha: “No meio desta ilusão é preciso refletir”.
Eugénio da Fonseca corrobora com a ideia lançada, esta quarta-feira no encontro, pelo secretário de Estado das comunidades, José Cesário: “Os consulados têm de deixar uma política de gabinete e saírem ao encontro dos portugueses”.
Esta iniciativa, promovida pela Obra Católica Portuguesa das Migrações, Cáritas Portuguesa e Agência ECCLESIA, conta com a participação de agentes pastorais do Luxemburgo, Suíça, França, Reino Unido, Alemanha e Holanda, pretende articular estes organismos na colaboração em ordem a “uma melhor integração dos portugueses nesses países”, concluiu
LFS