Migrações: Cáritas Internacional pede ações concretas, contra «slogans vazios»

Secretário-geral da organização católica questiona falta de vontade política para enfrentar crises dos migrantes e refugiados

Roma, 24 set 2022 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas lançou hoje um apelo em favor de ações concretas em favor dos migrantes e refugiados, associando-se ao Dia Mundial com que a Igreja lembra estas populações, no último domingo de setembro.

“O nosso mundo globalizado tem mais de 100 milhões de refugiados e centenas de milhões de migrantes espalhados pelo mundo. Infelizmente, estamos longe de construir sociedades acolhedoras e inclusivas”, assina o secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, Aloysius John, em mensagem enviada à Agência ECCLESIA.

Segundo o responsável, sem vontade política, a ideia de “não deixar ninguém para trás continuará a ser um slogan vazio”.

“As pessoas em movimento devem ser tratadas com dignidade e os seus direitos devem ser garantidos”, realça a organização católica, a respeito do 108.º Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados.

A ‘Caritas Internationalis’ reitera sua preocupação com os desafios cada vez maiores que as pessoas em movimento têm de enfrentar e convida todos a “considerar a migração como uma oportunidade para a humanidade”.

A celebração deste domingo tem como tema ‘Construir o futuro com migrantes e refugiados’, por decisão do Papa Francisco.

A confederação internacional da Cáritas recorda que se vive um tempo marcado por “grandes crises”, alertando para as “crescentes desigualdades e precariedade” que levaram milhões de pessoas a deixar as suas casas e comunidades.

“Muitas vezes alvo de discriminação e marginalização, as pessoas em movimento não podem levar uma vida decente, embora todas as pessoas que saem das suas casas tenham o direito de buscar segurança, sejam elas quem forem, de onde vierem e sempre que forem forçadas a fugir”, adverte Aloysius John.

A Confederação Caritas inclui 162 organizações nos cinco continentes, empenhadas em “receber, apoiar e acompanhar milhões de migrantes e refugiados”.

No Paquistão, por exemplo, as recentes chuvas torrenciais e inundações causaram a morte de mais de 1100 pessoas e o deslocamento de 33 milhões de pessoas, pelo que a Caritas está a oferecer ajuda a quem precisa de medicamentos, alimentos e água

Jordânia, Bangladesh, Equador, Mali, Brasil ou Colômbia são outros países onde a organização católica de caridade e ação humanitária desenvolve a sua missão junto de populações deslocadas.

“As pessoas em movimento têm direito a vias de migração regulares e legais e devem ser recebidas com cuidado e preocupação. Elas também devem ter acesso garantido às necessidades básicas, saúde, educação, meios de subsistência e oportunidades de rendimento. Se não houver vontade política para garantir estes direitos básicos, não poderemos ‘construir o futuro’ juntos. E ‘não deixar ninguém para trás’ continuará a ser um slogan vazio”, conclui Aloysius John.

Na sua mensagem para este Dia Mundial do Migrante e Refugiado, o Papa defende que “ninguém deve ser excluído” da sociedade, rejeitando que sejam vistos como “invasores”.

“Ninguém deve ser excluído. O plano divino é essencialmente inclusivo e coloca, no centro, os habitantes das periferias existenciais. Entre estes, há muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano”, refere.

Francisco alude às recentes experiências de guerra e da pandemia de Covid-19.

“À luz do que aprendemos nas tribulações dos últimos tempos, somos chamados a renovar o nosso compromisso a favor da construção dum futuro mais ajustado ao desígnio de Deus, a construção dum mundo onde todos possam viver em paz e com dignidade”, indica.

OC

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Agência ECCLESIA

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