Mensagem final do Sínodo dos Bispos denuncia situações de pobreza e injustiça

O Sínodo dos Bispos terminou com uma forte denúncia das situações de injustiça e pobreza na América Latina, África e Ásia, pedindo ainda aos políticos para não apoiarem leis contrárias ao direito natural, ao casamento e à família. “Denunciamos as situações de injustiça e de pobreza extrema que proliferam por todo o lado, especialmente na América Latina, na África e na Ásia. Estes sofrimentos clamam à Deus e interpelam a consciência da humanidade”, referem os Bispos. Na mensagem final da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, reunida no Vaticano desde o dia 2 de Outubro sob o tema “Eucaristia, fonte e cume da vida e da missão da Igreja”, é também reiterado o “não” à comunhão eucarística para os divorciados que voltaram a casar, mas sem incluir qualquer referência ao celibato dos presbíteros. “A falta de sacedotes para celebrar a Eucaristia do Domingo preocupa-nos enormemente e convida-nos a rezar e a promover mais activamente as vocações sacerdotais”, apontam os padres sinodais. Os 252 Bispos participantes asseguraram que os divorciados recasados não estão excluídos da vida da Igreja, pedindo-lhes que participem na missa dominical, mas reiteraram que não podem comungar devido à “situação familiar irregular” em que vivem. “Pedimos que eles participem na Missa dominical e escutem a Palavra de Deus, para que alimente a sua vida de fé, caridade e conversão. Desejamos dizer-lhes que estamos junto deles com a oração e a solicitude pastoral. Juntos rezamos ao Senhor para obedecer fielmente à sua vontade”, escrevem. No texto da mensagem final, os Bispos exprimiram a sua alegria pela presença das igrejas de rito oriental, e advogaram pelo dia em que seja atingida a “unidade plena e visível” dos cristãos. Apesar disso, consideram prematuro que os membros das diferentes igrejas comecem já a comungar juntos, partilhando a Eucaristia, que é o centro da vida evangélica. “Gestos precipitados podem dificultar ainda mais a verdadeira comunhão”, exprimiram os Bispos na mensagem, na qual recordam o compromisso de Bento XVI com o ecumenismo, e indicam que a Igreja Católica tem normas “precisas” de comportamento necessário neste caso. “A Eucaristia, pão vivo para a paz do mundo” é o título da “Mensagem do Sínodo ao Povo de Deus”, publicada no dia 22 de Outubro. O texto, com 17 páginas e 26 parágrafos foi discutido na 20ª Congregação Geral, sendo aprovado após pequenas modificações. Os padres sinodais apresentam a sua gratidão a João Paulo II, que idealizou o encontro, e a Bento XVI, que acompanhou os trabalhos, para além de se dirigirem aos Bispos da China que não puderam participar, assegurando-lhes que tiveram “um lugar especial” dentro do Sínodo. Encontra-se depois uma referência aos responsáveis dos media e às questões que, através deles, interessaram a opinião pública. Os Bispos denunciam os estragos causados pela secularização que trouxe indiferença religiosa e tantas expressões de relativismo. Aos governantes pede-se que assegurem o bem comum e promovam a dignidade das pessoas, “desde a sua concepção até à morte natural”. A este respeito aproveitaram também para pedir-lhes que não apoiem leis “que não respeitem o direito natural, o casamento e a família” e promovam o progresso humano e social. 40 anos depois do Concílio Vaticano II, os Bispos apontam na sua mensagem alguns “abusos” acontecidos no processo de renovação da Liturgia: “ninguém tem o direito de sentir-se dono da Liturgia, porque ela pertence à Igreja”. O Sínodo pede aos fiéis coerência pública com a fé que professam e defende a promoção de uma activa pastoral das vocações sacerdotais. Há depois uma parte da mensagem que é dedicada às “luzes” (aumento das vocações sacerdotais nalgumas zonas do mundo, testemunho heróico de tantos padres, ano eucarístico e nova evangelização) e às “sombras” (falta de sacerdotes, crise da confissão, perda do sentido do pecado). Às famílias em geral os padres do Sínodo afirmam estar conscientes das fragilidades e incertezas que ameaçam actualmente tal instituição e encorajam-nas a conservar o hábito de participar juntos na Eucaristia dominical. Os últimos parágrafos da mensagem são exortações à Igreja: aos sacerdotes para que, sejam operários humildes na vinha do Senhor; aos altos graus da hierarquia para que sejam protagonistas de um ministério fecundo; aos jovens, as sentinelas da aurora, para que desenvolvendo os valores positivos do mundo se empenhem no sentido de mudar tudo aquilo que existe de injusto ou de violento. A Mensagem termina com duas imagens: a dos cristãos do século IV mártires de Abitene, no norte de África – aos quais se deve a célebre frase: “sem o Domingo não podemos viver” -, e a dos discípulos de Emaús. Dois ícones que falam da centralidade da Eucaristia, do Ressuscitado, da alegria que brota do estar unidos. Os Bispos proclamam ainda que estão próximos de todos os descendentes de Abraão e em particular de Israel. A oração conclusiva é por “uma paz cheia de esperança”.

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