Mensagem de Quaresma do Bispo de Setúbal

«A Quaresma é esse deserto em que a Igreja inteira se treina melhor na busca do Reino de Deus e no combate da justiça, paz e amor entre os homens, pelo uso mais abundante da oração, do jejum e da esmola (partilha), da confissão.» Amados irmãos em Jesus Cristo O tempo da Quaresma é graça que Deus dá para preparar a grande festa da Páscoa, ajudando-nos a amar com Jesus para, com Ele, ressuscitar. O cristão, morto e ressuscitado com Jesus pelo Baptismo, está chamado ao longo da vida a morrer para si mesmo e a viver para o Senhor. S. Paulo exorta-nos a ‘morrer para o homem velho’ pelo despojamento de toda a maldade e pecado e a ‘revestirmo-nos do homem novo’. É uma vocação e um esforço diários que se realizarão na Quaresma, com renovado empenho, como a Igreja aprendeu de Jesus e propõe, desde os primeiros séculos. Jesus, antes da vida pública, foi para o deserto, onde na intimidade com o Pai, aprofundou a Sua missão: o anúncio do grande amor que Deus Pai nos tem e a libertação dos pobres, doentes e infelizes. A Quaresma é esse deserto em que a Igreja inteira se treina melhor na busca do Reino de Deus e no combate da justiça, paz e amor entre os homens, pelo uso mais abundante da oração, do jejum e da esmola (partilha), da confissão. Destes meios de santificação, neste ano, destaco a escuta orante da Palavra de Deus e a partilha, de que S. Paulo é mestre e modelo. Aumente a escuta orante da Palavra de Deus entre nós de modo a descobrirmos a beleza e a grandeza do amor de Deus por nós e a conformarmos a nossa vida, pensamentos e acções com a Sua vontade. A leitura orante da Bíblia é importante para a renovação e o crescimento da vida espiritual. Recomendo-vos, pois, irmãos, que em cada dia encontreis tempo para escutar o Senhor numa breve passagem bíblica. Mais ainda, peço-vos que, nesta Quaresma, com a ajuda do pároco procureis ao menos ter um dia de retiro, se possível fora da paróquia. Ao convite à oração junto o apelo ao acolhimento e à partilha. Na verdade, a crise económica e financeira (e ética!) veio piorar a situação dos irmãos mais necessitados e está a gerar ‘novos pobres’: gente que cai no desemprego, endividada, forçada a deixar a casa comprada com sonho, sem o suficiente para satisfazer as necessidades maiores, emigrantes ou não! É uma situação preocupante a que nenhuma pessoa física ou colectiva, dentro ou fora da Igreja se deve alhear. Por isso, e em sintonia com o Conselho de Presbíteros, decidi que a renúncia quaresmal da Diocese se destine neste ano na sua maioria à criação dum Fundo de Emergência Social que contribua para ajudar algumas pessoas mais carenciadas. Estou certo de que, também deste modo, mostrareis de novo um coração generoso e capaz de se privar até de algo necessário, e não só do supérfluo, para socorrer aquele que sofre. A caridade traduz-se em gestos concretos e é sinal de autêntico seguimento de Jesus. ‘Não podemos amar a Deus que não vemos se não amarmos os irmãos que vemos’ ensina S. João. A renúncia quaresmal, diária, ajuda o cristão a esvaziar-se do egoísmo para amar o próximo, para acolher o amor de Deus e para Lhe dar o coração. Conheço uma família que para destacar a dimensão espiritual da renúncia – que no final da quaresma oferecerá na Eucaristia para os fins determinados pelo Bispo – a coloca dia a dia num mealheiro posto junto do crucifixo. No ano passado, a nossa renúncia apoiou as carmelitas de Fátima, o Seminário de Bragança e a Diocese de S. Tomé e Príncipe e rendeu 34.284 euros. Bendigo a Deus pela vossa generosidade. Este ano a renúncia, além do Fundo de Emergência, também apoiará a Diocese de Tunis, Tunísia. Que a Virgem Maria nos ajude, neste tempo santo da Quaresma, a rezar e a partilhar bem mais para aprendermos a fazer a vontade de seu divino Filho e caminharmos com Ele, em Igreja, para a Páscoa da Ressurreição. + Gilberto, Bispo de Setúbal

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Agência ECCLESIA

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