Mensagem da Semana dos Seminários 2009

Presença e Esperança

1. Temos seminários em quase todas as dioceses de Portugal e em muitos dos institutos religiosos. Os seminários são instituições que inscrevem no chão sagrado dos seus edifícios as marcas do tempo e da história e elevam nos traços que exteriormente os identificam os sinais da presença da Igreja.

Alguns destes seminários trazem consigo a memória viva de muitos séculos; outros mais recentes afirmam-se nos primeiros passos que agora começam a dar.

Recebi há dias um belo texto com o título: Padres Jovens de Hoje. Assim se apresenta, através do testemunho de vários padres jovens que ali consolidaram a vocação e dali partiram rumo à ordenação de presbíteros, um dos mais recentes seminários maiores de Portugal. Nesta nova fase, o Seminário Maior de S. Paulo de Almada, na Diocese de Setúbal, tem apenas dez anos de existência. O antigo convento dominicano, fundado em 1569, foi mais tarde, em 1935, Seminário do Patriarcado e desde 1999 é Seminário Maior da recém-criada Diocese de Setúbal. Nestes dez anos são já vários os sacerdotes que falam deste Seminário em jeito de testemunho e são outros tantos aqueles em quem o valor e a missão do seminário se revelam, como se o percurso de vocação e do ministério se identificasse com a casa onde viveram e sobretudo com a instituição que os formou.

Os seminários existem para formar sacerdotes da Igreja, como pastores segundo o Coração de Cristo, o bom Pastor. Permanecem instituições necessárias e no contexto presente da formação são mesmo insubstituíveis.

Os seminários não são apenas as casas com mais ou menos história, com mais ou menos beleza. Os seminários são os alunos, os formadores e quantos ali trabalham, rezam e colaboram tantas vezes como beneméritos anónimos, discretos e activos. Os seminários são escolas ao modo da escola do Mestre onde se aprende a ser discípulo de Jesus e onde se preparam os apóstolos de hoje.

Vemos surgir no nosso tempo paradigmas novos de formação sacerdotal e seminários com percursos específicos, centrados na comunhão eclesial e no acolhimento das orientações da Igreja. Sentimos que nesta necessária abertura ao Espírito, que é alma da Igreja, todos somos chamados a assumir os seminários e a formação dos novos sacerdotes como uma missão essencial da vida dos cristãos e das comunidades.

 

2. O Santo Padre Bento XVI convida-nos a viver este ano como Ano Sacerdotal, na evocação dos 150 anos da morte do Santo Cura d’Ars.  Muitas das iniciativas pensadas e programadas para a vivência deste Ano Sacerdotal gravitam em torno do Seminário, daí nascem e daí se projectam em toda a Igreja, verdadeiro povo sacerdotal.

A fidelidade do sacerdote, aprendida e renovada diariamente na fidelidade de Cristo é não apenas o lema deste Ano Sacerdotal mas certamente uma das afirmações mais belas da Igreja e um dos testemunhos mais válidos a fazer surgir novas vocações e a ajudar a perseverança daqueles que se sentem chamados.

O amor pelos seminários, expresso em gestos de oração, de afecto e de generosidade, afirma um belo testemunho de vida eclesial, constitui um sinal de gratidão pelo bem ali realizado, faz despertar a gratidão por quantos ali dedicadamente trabalham, torna presente diariamente os seminários na vida dos sacerdotes e abre os seminários às comunidades cristãs.

O Ano Sacerdotal deve levar cada vez mais os sacerdotes aos seminários e deve aproximar os seminários das comunidades cristãs.

É nesta comunhão e nesta proximidade que cada sacerdote se revigora e fortalece também e que as comunidades se apercebem do valor do seminário como presença e esperança no coração da Igreja.

Esta Semana dos Seminários vivida em pleno Ano Sacerdotal tem certamente mais afirmado ainda este carisma vocacional para fazer despertar na Igreja, povo sacerdotal, vocações para a vida sacerdotal.

 

3. O VI Simpósio do Clero de Portugal, aberto a todos os sacerdotes e seminaristas maiores, foi um momento de bênção neste Ano Sacerdotal. A participação de cerca de 1000 sacerdotes, o conteúdo das mensagens recebidas, o ambiente ali vivido, a partilha feita, a beleza litúrgica das celebrações e os tempos mais prolongados de oração imprimiram a este Simpósio um espírito de alegria, de comunhão e de esperança.

Importa aproveitar esta Semana dos Seminários para inspirar deste ambiente, vivido no Simpósio, e da mensagem aí recebida os seminários e os presbitérios de Portugal. As Actas do Simpósio serão publicadas ainda antes da Semana dos Seminários e podem constituir um belo contributo para reflexões mais demoradas e aprofundadas em cada seminário.

 

4. A Comissão Episcopal Vocações e Ministérios escolheu como lema desta Semana dos Seminários: Palavra que chama e envia.

A Palavra de Deus é a fonte inesgotável da vocação e alimento de vida para tantos jovens.

Os seminários são tempo de escuta desta “palavra que chama e envia” e espaço onde ressoa a voz do Mestre.

Na escuta atenta da Palavra de Deus, rezada, celebrada, vivida e testemunhada, e no acolhimento dócil da voz do Mestre sentimos que é Jesus que nos chama a segui-LO, como outrora aos primeiros discípulos, e nos envia a testemunhar com fidelidade e ousadia as razões da nossa esperança e a alegria da Boa Nova do Reino.

Para nos ajudar neste caminho e nos incentivar neste propósito, a Equipa Formadora do Seminário Diocesano de Santa Joana Princesa, em Aveiro, a quem em nome da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios agradeço esta colaboração e este testemunho de comunhão, indica-nos alguns textos de oração e de reflexão para servirem os grupos de crianças e de jovens ou a comunidade cristã.

Desejam estes textos relançar neste momento propício da Semana dos Seminários alguns desafios à criatividade pastoral de cada Seminário e de cada Comunidade cristã ou Movimento apostólico. Todos sabemos do interesse pastoral e do dinamismo apostólico que as Semanas dos Seminário em cada ano despertam na Igreja em Portugal. Demos graças a Deus por todo o bem realizado e por tanta generosidade e dedicação aos Seminários encontradas no coração das pessoas e das comunidades.

 

5. Que Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe, nos anime na fidelidade e nos fortaleça na alegria e na comunhão para que os seminários sejam cada vez mais uma presença de graça, de bênção e de santidade no coração das nossas dioceses e na formação dos nossos presbitérios e um sinal de esperança na renovação da Igreja.

+António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro

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