«Memórias que Contam»: Pandemia tem sido «dramática» para religiosos espiritanos (C/Video)

Congregação perdeu dezenas de membros, incluindo bispos em Angola e Brasil

Roma, 15 mar 2021 (Ecclesia) – O padre Tony Neves, religioso português coordenador do Gabinete de Justiça e Paz dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), em Roma, disse à Agência ECCLESIA que a pandemia tem sido “dramática” para a congregação, que já perdeu dezenas de membros.

O convidado de hoje nas ‘Memórias que Contam’, evoca em particular D. Benedito Roberto, Espiritano, arcebispo de Malanje, Angola, que morreu de Covid em novembro do último ano.

“Tinha acabado de fazer um grande périplo por comunidades interiores da diocese, chegou ao centro, estava cansado e parecia normal, porque tinha sido um périplo exigente”, relata.

Numa tarde de domingo, após sentir alguma dificuldade em respirar, o arcebispo foi até ao Hospital Central e “duas horas depois, a família foi avisada que ele tinha acabado de falecer”

“Foi um dos casos confirmados de morte por Covid-19, mas nunca tinha suspeitado”, assinala o padre Tony Neves.

O religioso português assinala que os Missionários Espiritanos têm tido problemas gravíssimos no Brasil, em França e na Irlanda”.

No caso da Europa, a situação é particularmente agravada pela idade avançada de muitos religiosos, numa situação de maior fragilidade.

Em Paris e Dublin, mais de uma dezena de religiosos morreram, em várias casas, desde o fim de 2020.

Eu nem digo números exatíssimos, porque se descer ao quadro onde todos os dias afixamos o nome dos confrades que morrem, provavelmente já haverá mais algum. Tem sido muito dramático”.

O entrevistado refere que, na linha da frente da ação missionária, os Espiritanos enfrentam situações “muito complexas”, com muitos religiosos doentes, em particular na Amazónia.

Em Manaus veio a falecer D. Sergio Castrani, de 66 anos, já depois de ter contraído e recuperado da Covid-19 numa das cidades que mais problemas vive, por causa da pandemia.

“Há histórias terríveis, que se repetem e continuam”, lamenta o coordenador do Gabinete de Justiça e Paz dos Missionários do Espírito Santo.

A pandemia fez com que o sistema de saúde não consiga responder a outras complicações

“Enquanto missionários, estamos muito preocupados com a saúde de cada um dos nossos confrades, obviamente, mas partilhamos a vida, o dia a dia com um povo” que, em muitas partes do mundo está “completamente abandonado”, adverte o padre Tony Neves.

O responsável sublinha o aumento das desigualdades entre Norte e Sul, a nível global, mas também no chamado “primeiro mundo”.

‘Memórias que Contam’ são as conversas online na Agência ECCLESIA que ao longo da Quaresma estão a evocar pessoas ligadas à Igreja Católica, falecidas durante a pandemia.

OC

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