Media: Igreja tem de «adaptar» comunicação à realidade da «Geração 2023» e «sair do pedestal»

Debate nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social apontou desafios para a presença no digital e no encontro com novas gerações

Fátima, 21 set 2023 (Ecclesia) – Sofia Guerreiro, do Movimento Juvenil Salesiano, disse hoje em Fátima que a Igreja precisa de “adaptar a comunicação que é feita à realidade juvenil”, o que exige um “conhecimento profundo do recetor”.

“É preciso estimular uma mentalidade de abertura séria ao diálogo”, sustentou a convidada das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, iniciativa organizada pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais que decorre em Fátima, com o tema ‘Geração 2023, todos ligados: e a Igreja?’.

Para a jovem, que participou na organização do ‘WYD Don Bosco 23’, que decorreu em Lisboa durante a JMJ, existe o risco de “chegar atrasado constantemente”, na comunicação com as novas gerações.

A interveniente no painel ‘Jovens em comunicação: experiências e futuro’, que encerrou a tarde do primeiro dia de trabalhos, apontou à importância da “criatividade”, com uma nova forma de “estar juntos” e tornar os jovens “protagonistas da comunicação”.

A “escuta ativa” e a importância de ser “fonte de verdade” foram outros temas abordados, convidando a oferecer “espaços de profundidade espiritual, mesmo no digital”, a jovens “vazios de sentido”.

O painel contou com vários intervenientes ligados aos Comités Organizadores Diocesanos (COD), para a JMJ 2023, como Alice Cardoso, do COD do Coimbra, que promoveu um podcast intitulado ‘Há Pod no Ar’, em seis episódios.

A jovem sublinhou a necessidade de “criar conteúdo com propósito”, em vez de procurar visualizações.

Bárbara Vitória, fotógrafa, acompanhou, para o COD do Aveiro, a peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude, pelo território, num mês que superou “muros” e foi além do “núcleo habitual”, na diocese.

“A Igreja tem de sair do pedestal”, assinalou a profissional, e ficar “ao lado da população”, no “meio de todos”.

“Se a Igreja estiver fechada, ninguém vai saber que ela está lá”, advertiu.

Fotógrafa oficial da JMJ, em Lisboa, a convidada confessou que, muitas vezes não consegue distinguir entre o que está a “sentir” e aquilo que está a “fotografar”.

Marta Esteves, ligada à equipa de comunicação do COD do Porto e do Secretariado da Pastoral Juvenil, identificou três palavras-chave para a Igreja: “Proximidade, identidade e caridade”.

A participante alertou para a tendência de colocar os jovens num “bunker”, deixando votos de que a comunicação “seja um instrumento de trabalho da pastoral”

O padre Samuel Beirão, que coordenou a edição 2023 do ‘Magis’, evento promovido pelos Jesuítas, recordou a presença de 2 mil jovens, de 87 países, que viveram um programa religioso e cultural específico, inserido na dinâmica da JMJ Lisboa 2023.

O religioso identificou o contacto privilegiado com os jovens, através das redes sociais, como “lugares de encontro”, traçando o perfil do “peregrino 2.0”.

“São pessoas capazes de diálogo, de estar abertas, de acolher o desconhecido”, indicou.

O padre Samuel Beirão sustentou que é urgente “deixar de falar da Sagrada Escritura e da vida de Jesus como se fosse uma coisa antiga”.

Na mesa esteve ainda Pedro Brito, um dos coordenador-gerais e responsável pela comunicação do projeto ‘3 Milhões de Nós’, da família missionária católica ‘Verbum Dei’.

“Isto faz-nos viver o essencial”, relatou.

O convidado apontou à importância de uma “interação constante” com as pessoas, para que “vivam intensamente” o que está a acontecer no evento.

“Temos de criar momentos de encontro, com os jovens”, desejou.

Pedro Brito lançou um convite ao encontro entre responsáveis de comunicação dos vários movimentos e realidades juvenis, para que partilhem iniciativas e recursos, a nível nacional.

As Jornadas Nacionais de Comunicação Social começaram com uma conferência do secretário do Dicastério para a Comunicação (Santa Sé), mons. Luceio Ruiz, sobre o tema “Geração 2023: Escutar para comunicar” e terminam, esta sexta-feira, com a apresentação do tema “Todos ligados: Jovens em comunicação com e nas instituições”, por Diogo Belford, da agência de comunicação Cunha&Vaz.

O programa, disponível online, inclui ainda dois painéis para projetar a comunicação a partir da apresentação e do debate com jovens.

OC

 

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