Padre José Luís Borga comenta descrédito nas instituições públicas e mediatização da justiça
Lisboa, 28 nov 2014 (Ecclesia) – Os cristãos deveriam ser os primeiros a “não embarcar em avaliações superficiais”, afirma o padre José Luís Borga, reconhecendo haver “inocentes nas prisões” e “erros judiciais”.
“A história está cheia disto. Quanto mais conhecemos a natureza humana mais estaremos preparados para lidar com as grandezas e as misérias da sua condição”, afirmou o sacerdote da diocese de Santarém, comentando à Agência ECCLESIA o possível descrédito nas instituições políticas.
A investigação em torno da atribuição de «vistos gold» que levou à demissão do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a Operação Marquês que levou à prisão do antigo primeiro-ministro José Sócrates, a falta de pagamento de impostos estabelecidos para o setor energético por parte das empresas Galp e REN tem marcado as notícias na comunicação social nos últimos dias.
Para o sacerdote, comentador da ECCLESIA, o mediatismo em torno de casos de justiça poderá conduzir a uma “melhoria” no serviço da comunicação social.
“Vai ter de ser a comunicação social a perceber se está a fazer um bom serviço. A autorregulação e crítica não podem ser os telespetadores a impô-las”.
O sacerdote questiona as longas horas de diretos “a discutir tudo sem se saber nada” e advoga que o silêncio “nestas coisas deveria ser um bom conselheiro”.
Enquanto homem de fé, o padre de Santarém afirma que o pior discurso a fazer é o da moralidade.
“O pior discurso que se pode fazer é o dos eleitos, dos impolutos, porque corremos o risco de não haver ninguém. Nem na Igreja – vemos bispos a responder por pedofilia, que é uma situação inaceitável e escandalosa”.
O sacerdote lembra que a “miséria humana que existe em qualquer um” e que um maior conhecimento das “reais limitações e apetências” conduz a uma maior “consciência da condição humana, a uma melhoria na elaboração das leis, a uma maior prevenção dos crimes, na resposta e investigação”.
O comentário do padre José Luís Borga pode ser acompanhado no programa de rádio da ECCLESIA no domingo.
LS