Media: Conjugação entre silêncio e palavra oferece «independência» e rigor à informação

Jornalista e monja de clausura debateram mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais

Lisboa, 10 mai 2012 (Ecclesia) – A experiência do silêncio oferece “independência de critérios e um relacionamento humano e humanizante” à informação, defendeu hoje em Lisboa a irmã Maria Albertina, religiosa de clausura do Mosteiro das Clarissas de São José, Vila das Aves.

A monja sustentou que o silêncio é uma “conquista permanente”, para conduzir à “harmonia interior”, falando durante a sessão de apresentação do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja Católica vai celebrar a 20 de maio.

A iniciativa, este ano dedicada ao tema ‘Silêncio e palavra: caminho de evangelização’, título de mensagem de Bento XVI para esta celebração, reuniu cerca de cinco dezenas de jornalistas.

A irmã Maria Albertina referiu aos presentes que “há uma vocação que implica o silêncio, para o encontro, para uma comunicação profunda”.

“Silêncio para escutar, para deixar que cada pessoa se exprima, no respeito pela diferença de pensamento”, acrescentou.

Para a religiosa, “o silêncio subtrai aos dois perigos assinalados pelo Papa: o desinteresse, numa atenção calejada de tanta notícia ouvir; ao aturdimento das múltiplas sensações deixadas pelo excesso de informação mal digerida”.

“A partir do silêncio, eu vejo todos os intervenientes da notícia que me chega, apenas como seres humanos e não sob uma ou outra cor que me é apresentada”, testemunhou.

O jornalista Henrique Monteiro, diretor da Editorial Impresa, alertou, por seu lado, para o que denominou como “totalitarismo científico”.

“O silêncio intimida-nos, numa sociedade que é de ruído e quer ter respostas para tudo”, observou.

Nesse sentido, criticou a confusão entre informação, conhecimento e sabedoria, “como se fossem todos a mesma coisa”.

“O silêncio tem esse poder terrível de nos fazer pensar e de nos fazer compreender”, acrescentou Henrique Monteiro.

“O silêncio apenas diz da nossa pequenez e da nossa ignorância. Nós não sabemos tudo”, prosseguiu, revelando que para a maioria das pessoas com que trabalha, “que são os jornalistas, as respostas ou não existem ou já estão dadas”.

A celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única do género a ser instituída pelo Concílio Vaticano II (Decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).

OC

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Agência ECCLESIA

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