Media: Comunicação peca por «ausência de misericórdia», diz responsável católico pelo setor

D. Pio Alves lembra que papel dos media é sobretudo aproximar

Lisboa, 05 mai 2016 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Igreja Católica, lamentou hoje a “ausência de misericórdia” que marca os media e alimenta a cultura de exclusão na sociedade.

Durante a apresentação do 50.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que decorreu esta tarde em Lisboa, D. Pio Alves considerou fundamental que os órgãos de comunicação social saibam “de que lado querem estar”.

Do lado “da inútil sobrevivência a prazo, a qualquer preço, ou da construção de pontes que possibilitem a união da humanidade na sua rica diversidade?”, questiona o bispo auxiliar do Porto.

A iniciativa, promovida pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais no Museu de São Roque, foi marcada pela publicação de um livro que reúne todas as mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Debruçando-se sobre a última, do Papa Francisco, intitulada ‘Comunicação e Misericórdia, um encontro fecundo’, D. Pio Alves admitiu que a junção destas duas palavras, comunicação e misericórdia, poderá causar estranheza, sobretudo “nestes tempos tão complicados”, em que várias redações se debatem pela sua subsistência e num meio tão marcado pela concorrência.

O Papa argentino antecipou esta reação, ao escrever que “uma visão da sociedade enraizada na misericórdia” poderá ser vista como “injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente”, lembra o bispo auxiliar do Porto.

No entanto, prosseguiu D. Pio Alves, a mensagem de Francisco também frisa que “num mundo dividido, fragmentado, polarizado”, só uma comunicação orientada pela misericórdia conseguirá trazer a necessária “proximidade” entre as pessoas.

Para o prelado, comunicar com misericórdia significa passar da “imposição de um pensamento tendencialmente único, sempre empobrecedor”, para um tipo de comunicação regida pela “apresentação dos factos, tão objetiva quanto possível, e assumidamente distinta da sua leitura”.

Implica também que estes princípios estejam incluídos “com clareza” nos “respetivos estatutos editoriais” e sejam cumpridos “com fidelidade”.

Aqui entra também outra variável, que é contrariar a tendência de uma comunicação que não é independente mas regida “normativamente por uma qualquer entidade exterior, por mais estatal que seja”, apontou o responsável católico.

A apresentação do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2016 (8 de maio), dirigida a todos os profissionais do meio, da sociedade e da Igreja Católica, teve também como destaque o lançamento do 'Prémio de Jornalismo D. Manuel Falcão’.

A cerimónia contou com a participação de várias dezenas de participantes, entre bispos, jornalistas e colaboradores da Igreja Católica, para além do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes.

Para este responsável, a mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais oferecer um "bom manual de conduta" para as pessoas e instituições.

"É bom que reflitamos na força intrínseca das boas notícias", sustentou Santana Lopes.

JCP/OC

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