Calado Rodrigues, Director do Mensageiro de Bragança Na organização tradicional da sociedade, a principal instituição responsável pela integração social e educação das crianças e jovens, era a família. A Igreja e a Escola colaboravam com o papel do lar na formação dos seus elementos mais novos. Assistiu-se, ultimamente, a uma diminuição progressiva e gradual do papel da família na educação dos filhos, ampliando-se a importância da Escola, devido às mais diversas razões, entre as quais se destacam a instabilidade familiar, com o aumento dos lares desfeitos e das famílias mono parentais e a dificuldade de acompanhamento dos filhos, dada a ocupação laboral de ambos os cônjuges. A família continua a demitir-se progressivamente do seu papel, confiando a educação dos filhos à Escola. Hoje, concorrem com a Escola, no processo educativo de crianças e jovens, os meios de comunicação social, em geral, e, em particular, os novos meios interactivos, entre os quais se destaca a Internet, com uma grande capacidade de sedução dos mais jovens. João Paulo II chama a atenção para a “importância insubstituível da família como unidade fundamental da sociedade”, na mensagem para o dia Mundial das Comunicações Sociais, deste ano, que tem como tema: “Os mass media na família: um risco e uma riqueza”. È urgente que a família reassuma as suas responsabilidades na formação dos seus filhos e não se demita do seu papel fundamental na preparação dos mais jovens, para a integração harmónica na sua educação da informação veiculada pelos meios de comunicação social e no uso correcto destes. “Família, torna-te aquilo que és”, lembra o Papa. Se por um lado, os mass media são uma considerável oportunidade para as famílias ampliarem o seu acesso à informação e a conteúdos aptos para a sua “expansão cultural e até mesmo crescimento espiritual”, por outro lado, podem causar “prejuízos graves às famílias, apresentando uma visão inadequada e mesmo deformada da vida da família, da religião e da moral”. Para potenciar ao máximo as vantagens dos meios de comunicação social, o Papa, citando a Familiaris Consortio, recomenda aos pais que exercitem os seus filhos no «uso moderado, crítico, atento e prudente dos mass media” no lar. Para isso, sugere mesmo que as famílias se encontrem “para estudar e debater sobre os problemas e as oportunidades apresentados pelo uso dos meios de comunicação”. Só assim as famílias poderão encontrar formas que lhes permitam aproveitar ao máximo das virtualidades dos meios de comunicação social e evitar os seus potenciais riscos e efeitos nefastos. A família emerge, na mensagem de João Paulo II, como a depositária da esperança na construção de uma sociedade melhor que, em colaboração com os comunicadores, os poderes públicos, se deve empenhar na promoção de iniciativas concretas para “eliminar os riscos contra o bem-estar da família” dos mass media e que, assim, estes se tornem cada vez mais, “fontes genuínas de enriquecimento”. Consciente da dificuldade em “resistir às pressões comerciais ou às reivindicações de conformidade com as ideologias seculares”, o Santo Padre apela à coragem e responsabilidade dos comuni-cadores, para que sejam evitadas todas as formas de agressão à instituição familiar, dado que “cada ataque contra o valor fundamental da família constitui um ataque contra o verdadeiro bem da humanidade”. Calado Rodrigues, Director do Mensageiro de Bragança