Mar: Igreja Católica defende «condições de trabalho e segurança dos pescadores» e alerta para efeitos da pandemia

Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral apela a «uma maior solidariedade com as pessoas mais marginalizadas»

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 20 nov 2020 (Ecclesia) – O prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) alertou para os efeitos da pandemia de Covid-19 nas “condições de trabalho e segurança dos pescadores”, pedindo às organizações internacionais e governos para “aplicar a legislação”.

“O caminho para a proteção total dos direitos humanos e trabalhistas de todas as categorias de pescadores continua sendo um caminho longo e tortuoso”, escreveu o cardeal Peter Turkson, numa mensagem para o Dia Mundial da Pesca que se assinala este sábado.

Na informação divulgada pelo portal ‘Vatican News’, a Santa Sé pede às organizações internacionais e governos que “redobrem esforços para aplicar a legislação, para melhorar as condições de vida e de trabalho dos pescadores e suas famílias e para fortalecer sua luta contra o trabalho forçado e tráfico de pessoas”.

O prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral apela a “uma maior solidariedade com as pessoas mais marginalizadas”.

Segundo o cardeal ganês, o impacto da pandemia de Covid-19 na indústria pesqueira está relacionado principalmente com medidas estratégicas que os governos têm adotado, como o distanciamento social, o encerramento dos mercados, o baixo fluxo de clientes para hotéis e restaurantes.

O responsável católico assinala que os problemas de trabalho forçado e tráfico de pessoas “há muito atormentam a indústria pesqueira e permanecem particularmente graves”.

Nalguns países, acrescenta, esses problemas agravaram-se por causa das “condições de extrema pobreza” causadas pela pandemia de Covid-19 e que “desencadeiam novas ondas de desesperados que perderam seus empregos, como pescadores, do meio rural”.

O cardeal Peter Turkson alerta que com a pandemia as “condições de trabalho e segurança” dos pescadores embarcados “foram afetadas pelo encerramento de portos e pela impossibilidade de troca de tripulações”, para além da falta de equipamentos de proteção individual que “aumentou o risco de transmissão do vírus”, e “privou os pescadores migrantes de trabalhar”.

O prefeito do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral indica também os “problemas crónicos” do setor das pescas que são o “crime da pesca”, como “a pesca intensiva” e a pesca “Ilegal, Não regulamentada e Não declarada (INN)”, que continuam no mundo inteiro com todos os tipos de bandeiras, por grupos que possuem frotas poderosas e melhores recursos.

O cardeal ganês lembra em particular os 18 pescadores de diferentes nacionalidades, de Mazara del Vallo, na Sicília, que estão presos desde 2 de setembro, na Líbia.

“Apelo aos governos e às respetivas autoridades nacionais para que resolvam esta grave situação e encontrem uma solução positiva através de um diálogo aberto e sincero”, refere.

A Santa Sé destaca que a “importância” do Dia Mundial da Pesca para o setor marítimo que representa uma “fonte de emprego para cerca de 59,5 milhões de pessoas”, onde “um em cada dois trabalhadores é mulher” e a Ásia tem o maior número de trabalhadores com “cerca de 85% da força de trabalho mundial e dispõe de 3 milhões e 100 mil navios, representando 68% da frota pesqueira mundial”.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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