A Filmoteca Vaticana tem agora uma renovada sala de projecções, depois de um longo processo de restauro a que o espaço foi submetido. Nessa sala, símbolo do diálogo entre a Igreja e o cinema, o Papa já assistiu a vários filmes, mesmo junto dos próprios realizadores cinematográficos, como foi o caso de “A vida é bela”, do italiano Roberto Benigni. A sala de projecções, que se encontra na sede do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, foi dedicada ao Cardeal Andrzej Maria Deskur, nascido na Polónia há 80 anos, grande amigo, desde a sua juventude, do Papa João Paulo II. No acto de inauguração da sala, foram apresentados alguns filmes conservados na Filmoteca Vaticana, decisivos para a história do cinema: o primeiro refere-se a Leão XIII nos Jardins Vaticanos (1896), uma breve sequência na qual se vê o idoso Pontífice abençoando a câmara e manifestando seu apreço pelas potencialidades da linguagem cinematográfica. Outro filme projectado foi o “Inferno” (1910), inspirado na Divina Comédia, de Dante Alighieri, que se julgava perdido. Por último, foi apresentado “O olhar de Michelangelo”, um curta-metragem sobre Moisés, na presença de seu autor, o italiano Antonioni, de 92 anos, que em 1995 recebeu um Oscar. Para o responsável pela Filmoteca Vaticana, Mons. Enrique Planas y Coma, “p passado e o presente dessa sala é uma demonstração do diálogo que a Igreja estabelece com o mundo do cinema”. Também o arcebispo John P. Foley, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, sublinhou a importância desse diálogo, patente nos contactos que o Dicastério mantém com os produtores cinematográficos. “A Igreja quer sublinhar a importância de que a linguagem cinematográfica se reveste diante dos valores evangélicos”, assinalou. D. John Foley recordou que esta sala de projecções foi sede da transmissão de informações da Rádio Vaticano para os prisioneiros de guerra, durante a II Guerra Mundial, o que permitiu a milhares de pessoas encontrar os seus parentes e amigos espalhados pelo mundo.