Internacionalizar-se e sustentar as «boas relações» entre a Igreja e o Estado são desafios para a Região
Funchal, Madeira, 18 set 2014 (Ecclesia) – Luís Salgado de Matos afirmou hoje no Funchal que, é necessário reaproximar os territórios das origens da diocese, as relações entre Igreja e Estado na Região devem ser “boas” e que é preciso continuar “o caminho da internacionalização”.
“Mais de 300 dioceses da atualidade estão em território que já esteve sob jurisdição da Diocese do Funchal”, disse Luís Salgado de Matos à Agência ECCLESIA à margem do Congresso 'Diocese do Funchal, a Primeira Diocese Global – História, Cultura e Espiritualidades', onde apresentou o tema “A Diocese do Funchal no quadro das relações Igreja/Estado”.
“As entidades da Madeira deveriam equacionar a criação de uma organização informal, ligeira reunindo as centenas de dioceses cujo território atual esteve na jurisdição da Diocese do Funchal”, defendeu o sociólogo.
Para o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o encontro deveria começar pelas dioceses que se situam nas “margens do Atlântico central e sul”.
Luís Salgado de Matos afirmou ainda que “na madeira, as relações entre o Estado e a Igreja são necessárias as boas. Quando não existem, a Madeira sofre”.
O sociólogo recordou que o Funchal, comparável apenas a Alcobaça, é “um dos territórios raros em que uma instituição religiosa exerceu o poder temporal” e que a religiosidade católica “é um fator de unidade dos imigrantes da Madeira, cuja diáspora é muito importante”.
Luís Salgado de Matos recordou também que o “código genético do Arquipélago é internacional”, ligado à expansão marítima desde as origens, tanto no período em que a Ordem de Cristo exercia “simultaneamente o poder temporal e espiritual”, como no momento da criação da Diocese.
Com a Bula ‘Pro Excelenti Praeminentia’ assinada pelo Papa Leão X, a 12 de junho de 1514, foi criada a Diocese do Funchal abrangendo os territórios “descobertos e a descobrir”.
Luís Salgado de Matos sustenta que a Madeira tem de fazer um “upgrade” e continuar o caminho da internacionalização, através da aposta em novos setores, como a universidade, as finanças e o turismo.
“A Madeira tem de apostar na universidade, tem de ter um centro financeiro, desenvolver outras atividades além do turismo e que criem sinergias com o turismo”, defendeu.
“No final do séc. XIX já havia turismo industrial na Madeira e no Continente ninguém conseguia fazer turismo, que começa nos anos 60. Antes disso havia a Costa do Sul, mais nada”, referiu Luís Salgado de Matos.
O congresso internacional 'Diocese do Funchal, a Primeira Diocese Global – História, Cultura e Espiritualidades' decorre até este domingo, no auditório do Casino da Madeira, e encerra as comemorações dos 500 anos da Diocese do Funchal.
PR