Madeira: Igreja distribuiu 461 mil euros

Tragédia de 20 de Fevereiro de 2010 deixou feridas e lições, mas ainda há quem queira voltar para zonas de risco

Lisboa, 20 Fev (Ecclesia) – A diocese do Funchal já ajudou 423 famílias, num total aproximado de 1080 pessoas, com 461 096,92 euros e outros bens, desde as enxurradas que, a 20 Fevereiro de 2010, provocaram mais de 40 mortos na Madeira.

Os dados são hoje avançados pelo quotidiano regional «Jornal da Madeira», que cita o responsável pela Caritas diocesana do Funchal, José Manuel Barbeito.

Na última edição do semanário Agência ECCLESIA, o presidente da Caritas madeirense lembrava que “muitas respostas institucionais, apesar das prontas promessas de auxílio, demoraram ou continuam por cumprir”.

“Ficou demonstrado que a solidariedade manifestada por pessoas, empresas e outras instituições privadas, que se expressou através de doações a IPSS não se baseou em promessas, mas na concretização imediata”, acrescentou.

No seu texto, José Manuel Barbeito alertou para o risco de as populações da Ilha voltarem a construir em “zonas que são de risco”, afirmando que o desejo de voltar aos locais atingidos é um “sentimento enraizado”.

A nível de Igreja, acrescenta, “as paróquias de zonas consideradas vulneráveis deveriam criar grupos sociocaritativos preparados para uma intervenção neste âmbito e definir um plano de emergência onde se pré-estabelecessem locais de acolhimento, para pessoas e para bens doados”.

O presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, lembra, por seu lado, que a solidariedade dos portugueses se manifestou de forma notável, nesta ocasião, admitindo, no entanto, que “nem tudo correu bem”.

“Houve, de certo, impaciências, desentendimentos, desencontros, aproveitamentos… são comportamentos que se compreendem em situações de caos geradas em circunstâncias de catástrofes”, indica.

Neste momento, acrescenta, tudo o que foi confiado à Caritas Portuguesa já foi entregue à Caritas diocesana do Funchal, que já aplicou parte dos donativos: mais de um milhão de euros e 150 toneladas de bens de primeira necessidade.

“A calamidade que atingiu a Madeira contribuiu para que o país ficasse mais solidário e humanizado. O respeito pelas regras que regem a Natureza foi reequacionado, permitindo que se tomasse consciência dos atentados que, muitas vezes, se fazem contra o ambiente”, indica Eugénio Fonseca.

Muitas das imagens que chocaram o país, há um ano atrás, vinham das localidades da Ribeira Brava e da Serra de Água, cujas comunidades católicas são acompanhadas pelo padre Bernardino Trindade.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o pároco madeirense adianta que “a Igreja sempre esteve presente, os meios de que dispõe sempre fizeram tudo”.

Segundo o padre Bernardino Trindade, “a Igreja tem um papel importante na distribuição das coisas que têm chegado, na divisão de verbas”, mas deixa um lamento: “As paróquias abriram as suas portas e merecemos muito mais respeito por todo o trabalho realizado”.

Ao «Jornal da Madeira», o bispo do Funchal, D. António Carrilho, disse hoje que “toda a gente reconhece a importância da intervenção da Igreja na presença de ajuda fraterna pessoal e no apoio aos desalojados, na distribuição de bens de primeira necessidade e na entrega de grande parte dos equipamentos domésticos para as habitações, novas ou restauradas”.

Neste momento, confirma D. António Carrilho, “está a fazer-se um levantamento das situações não atendidas ou, por qualquer razão, ainda não resolvidas, sobretudo na área da habitação, para assumir ou comparticipar na resolução desses casos, com alguns donativos recolhidos pela própria Igreja”.

OC

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