Manuel Luís, presidente da Direção, descreve a importância dos 126 anos da banda mais antiga da região norte da ilha
Faial, Madeira, 05 ago 2022 (Ecclesia) – Manuel Luís, presidente da Direção da Filarmónica do Faial, na ilha da Madeira, contou à Agência ECCLESIA o papel importante da banda mais antiga da zona norte da ilha, desde a aprendizagem da música à socialização.
“Somos uma banda centenária, com 126 anos, uma banda em meio rural, na freguesia do Faial, costa norte do concelho de Santana, que cedo criou a sua banda, esta é a primeira banda em toda a costa norte”, refere.
O presidente da Direção lembra que, na altura da fundação da filarmónica, os meios de comunicações “eram difíceis”, para “ir ao Funchal era preciso atravessar a pé ou ir de barco mas no mar da costa norte nem sempre é possível” e era um sitio isolado porque a “freguesia é cortada por dois ribeiros”.
“Apareceu a filarmónica a 1 de dezembro de 1895, com a visão de três ou quatro pessoas, entre elas o dr. João Albino de Sousa, que tinha vivências do Funchal e do Continente, gentes com suporte económico no Faial, na produção do vinho e da cana do açúcar”, explica.
Manuel Luís fala da “moda que vinha do sul da ilha”, onde no “Funchal já havia bandas com 20 ou 30 anos”, e ali no norte era preciso “ensinar as artes musicais e fazer a animação dos arraiais das festas”.
A filarmónica do Faial conta com 126 anos de vida, “sem fechar portas” e mantém-se com “grande vivacidade”.
“Temos mais de 40 elementos executantes, todos formados na banda, temos escola de música, onde temos cerca de 25 aprendizes, alguns já começam a estar nos concertos e apresentações”, conta.
Para Manuel Luís a presença da filarmónica na freguesia, onde “não há nenhuma família do Faial que não tenha alguém que tenha passado pela banda” a tradição vai existindo e a dinâmica dos professores, no recrutamento dos jovens, “hoje com outros desafios”, tem sido primordial.
“Não é fácil por um miúdo a tocar música, se lhe dermos uma consola, em pouco tempo está treinado, mas para formar um músico demora muito tempo, e é preciso persistência e muito treino e há jovens que se interessam e alinham na banda, isso é muito gratificante”.
Segundo o entrevistado, a Filarmónica do Faial tem ainda a função da “ocupação dos tempos livres”, criando amizades e interação com outros jovens, “até de freguesias vizinhas”.
“Os meus filhos, que são executantes da Filarmónica, dois clarinetistas, estudaram no Continente e quando regressavam da Universidade o primeiro ponto de encontro era a banda, porque traziam saudades de estar, de conversar e fazer música, e estas valências sociais são importantes e realçam o papel que a banda tem”, admite.
A presença da Filarmónica nas festas da freguesia, nas festas da paróquia e ainda nas festas de verão reforça o “orgulho e gosto das pessoas”.
“A presença da banda é sempre importante, as pessoas valorizam, e a cultura da banda é extremamente importante; sente-se ainda mais junto dos nossos emigrantes, para eles o hino da banda e outras músicas são pontos de referência, e veem-se despontar emoções nas pessoas, sobretudo as que regressam à terra no verão, o que demonstra o carinho que têm pela Filarmónica”, indica.
Com as limitações dos dois anos de pandemia, Manuel Luís partilha que duvidou das rotinas da banda mas, com a “dinâmica e os ensaios”, os músicos foram regressando e “voltaram a vestir a farda e a tocar”.
“A assiduidade ainda não é o que gostaríamos mas já temos várias apresentações, no verão temos vários ‘serviços’ e os arraiais serão quase tantos como no tempo antes de pandemia, o que nos traz alguma normalidade”, afirma.
A história e importância da Filarmónica do Faial, da Ilha da Madeira, é o mote do programa de rádio ECCLESIA deste sábado, 06 de agosto, pelas 06h00 na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online.
SN