Novo bispo do Funchal manifestou intenção de servir «a tempo inteiro»
Santa Cruz, Madeira, 15 fev 2019 (Ecclesia) – O novo bispo do Funchal, D. Nuno Brás, chegou hoje ao Aeroporto da Madeira, onde beijou o chão à saída do avião, apresentando como prioridade “conhecer” a região e “estar a tempo inteiro para o serviço”.
“Não sou político, nem gestor. Sou bispo. Tenho por missão evangelizar, celebrar sacramentos, conduzir o podo de Deus como Bom Pastor”, afirmou à comunicação social, minutos após o avião que o transportou desde Lisboa ter aterrado em Santa Cruz.
O prelado saudou os madeirenses e porto-santenses e afirmou “chega para servir” e para “estar sempre disponível para escutar e agir para o bem de todos”, “não como estrangeiro mas como madeirense”.
O novo bispo do Funchal disse que a primeira tarefa é “conhecer a realidade humana e cristã” da Madeira e do Porto Santo, referindo que é “bem diferente passar e passear” do que “estar a tempo inteiro para o serviço”.
D. Nuno Brás lembrou que o Cristianismo “faz parte integrante” da história da Madeira e do Porto Santo, desde o início do povoamento do arquipélago, convidando todos a “tomar consciência” dessas “raízes” da fé.
O responsável adiantou que na carta de nomeação, que vai ser lida no início da Missa da tomada de posse, este domingo, o Papa Francisco “aponta uma dupla tarefa: construir comunidade e evangelizar”.
“Estes serão, portanto, os dois aspetos da missão que todos havemos de procurar cumprir. É uma missão de todos os cristãos”, afirmou, acrescentando que é uma “missão de toda a Igreja diocesana”.
“Conto com todos”, sublinhou.
Ainda citando o Papa Francisco, o novo bispo do Funchal referiu que tenciona ir à frente a “abrir caminho”, atrás para “cuidar de quem fica de fora” ou no meio “animando todos”, mas sempre com “humildade e ousadia”, “diálogo e respeito mútuo”.
Para desempenhar este cargo, é óbvio que é importante o diálogo com todas as diferentes instituições que constituem a sociedade da Madeira e do Porto Santo: regionais, autárquicas, culturais. O diálogo e o respeito mútuo no exercício das diversas funções serão o método para esta colaboração”.
D. Nuno Brás agradeceu publicamente as “muitas saudações” que recebeu por ocasião da nomeação para bispo do Funchal e o “acolhimento, serenidade e transparência” com que foi recebido por D. António Carrilho, atual administrador apostólico da diocese e bispo nos últimos 12 anos.
“Uma palavra para a comunicação social que desempenha um papel tão central na vida dos madeirenses na vida dos madeirenses. Podeis contar comigo em tudo o que for verdadeira comunicação de serviço aos madeirenses. Espero também poder contar convosco”, concluiu.
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Já em resposta às questões dos jornalistas, D. Nuno Brás disse chegar “sem nenhum preconceito”, admitindo que possa ser necessário “levar mais alguns meses” para conhecer a realidade de toda a diocese.
Em relação a eventuais casos polémicos, como o do padre José Martins Júnior, suspenso do exercício do múnus sacerdotal desde julho de 1977, o novo bispo do Funchal disse que os mesmos serão tratados “particular e pessoalmente”, com abertura “ao diálogo e ao encontro.
O responsável declarou, depois, que o tratamento de eventuais casos de abusos sexuais segue o protocolo que a Conferência Episcopal adotou, desde 2012.
A respeito do trabalho junto de quem visita a ilha, do ponto de vista religioso, D. Nuno Brás sustentou que “é importante perceber as marcas da fé, portanto, todo o património cultural, todo o património artístico, e não só, as marcas da fé tal como ela é vivida hoje”, a “fé viva” das pessoas.
A conferência de imprensa incluiu uma referência à comunidade lusa na Venezuela, com o bispo do Funchal a assumir o objetivo de “minorar aquilo que é o sofrimento” de quem vive no país sul-americano e de quem regressa à região.
“Não pode deixar de ser um aspeto muito importante, a que vamos dar atenção”, concluiu.
A 14 de janeiro deste ano, o Papa Francisco nomeou D. Nuno Brás, até então auxiliar do Patriarcado de Lisboa, como 33º bispo do Funchal, sucedendo a D. António Carrilho, na diocese desde 2007.
O responsável toma posse este domingo, na catedral madeirense, numa cerimónia que se inicia às 16h00, sendo precedida por uma procissão nas ruas do Funchal, desde a igreja do Carmo.
A cruz processional oferecida por D. Manuel I à Sé do Funchal vai estar no altar, durante a Eucaristia, com transmissão em direto pela RTP-Madeira.
D. Nuno Brás, de 55 anos, vai iniciar oficialmente o seu ministério episcopal celebrando uma Eucaristia em honra da padroeira da ilha, esta segunda-feira, pelas 11h30, na Paróquia do Monte.
PR/OC