Madagáscar: Bispo português fala em «momento histórico», à espera do Papa Francisco

D. José Alfredo Caires, na Diocese de Mananjary há duas décadas, lamenta clima de corrupção que potencia pobreza no país

Antananarivo, 04 set 2019 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Mananjary, em Madagáscar, disse hoje à Agência ECCLESIA que a visita do Papa Francisco vai ser um “momento histórico” para o país, um dos mais pobres do mundo.

“Neste momento histórico da vida social e política de Madagáscar, a visita do Papa é uma Bênção para o nosso povo Malgaxe e para Igreja em missão”, assinala D. José Alfredo Caires, missionário que em 2000 foi nomeado bispo, por São João Paulo II.

O Papa polaco foi, até hoje, o único pontífice a visitar a ilha do Índico, em 1989; Francisco chega a Antananarivo, capital do país, esta sexta-feira, depois da passagem por Moçambique.

Para o bispo de Mananjary, a visita do atual Papa deve deixar uma mensagem de “amor” e “esperança” para a sociedade.

“Estamos num país muito rico em recursos naturais mas que vive na pobreza, eu diria na miséria – somos considerados um dos países mais pobres; estamos num pais onde há paz – ou seja não há guerras -, mas reina a corrupção em todos os setores sociais e um banditismo galopante”, denuncia o religiosa, natural da Madeira.

Em Madagáscar desde 1982, como missionário dehoniano, D. José Alfredo Caires destaca a “simplicidade” do Papa Francisco, desejando-lhe as boas-vindas, “tonga soa” em malgaxe.

D. José Alfredo Caires (D), na companhia de D. Manuel Quintas, bispo do Algarve

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar ao território, em 1500; em 1896, a ilha tornou-se uma colónia francesa e a independência data de 1960.

Os católicos representam 34,8% da população de Madagáscar, segundo dados divulgados pelo Vaticano; a Igreja Católica tem mais de 6 mil escolas, desde o ensino primário à Universidade, onde estudam quase 700 mil alunos, além de várias outras instituições de ação social.

No domingo, o Papa vai visitar ‘Akamasoa’, a Cidade da Amizade que nasceu em 1989 pela mão do padre vicentino Pedro Opeka, missionário argentino, uma iniciativa que permitiu tirar milhares de pessoas de uma lixeira a céu aberto, dando-lhes emprego numa pedreira de granito.

Francisco vai também encontrar-se com os sobreviventes de uma epidemia de sarampo que, de abril de 2018 a abril de 2019, causou 1200 mortes em Madagáscar.

OC

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Agência ECCLESIA

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