Macedónia do Norte: Francisco, primeiro Papa a visitar o território, pede maior integração na Europa

Discurso inaugural destacou vocação de «ponte» intercultural e elogiou acolhimento aos refugiados

Skopje, 07 mai 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco tornou-se hoje o primeiro pontífice católico a visitar a Macedónia do Norte, etapa final da sua 29ª viagem internacional, que começou este domingo na Bulgária, falando da antiga república jugoslava como “ponte” entre Oriente e Ocidente.

“Ponte entre o Oriente e o Ocidente e ponto de confluência de numerosas correntes culturais, a vossa terra condensa muitas caraterísticas peculiares desta região. Com os requintados testemunhos do seu passado bizantino e otomano, com as ousadas fortalezas entre as montanhas e as esplêndidas iconóstases das suas antigas igrejas, que revelam uma presença cristã desde os tempos apostólicos, a vossa terra manifesta a densidade e a riqueza da cultura milenar que nela habita”, disse em Skopje, no discurso inaugural de uma visita centrada na figura de Santa Teresa de Calcutá, natural desta cidade.

O Papa foi recebido no Aeroporto Internacional de Skopje pouco antes das 08h15 locais (menos uma em Lisboa), pelo presidente da República da Macedónia do Norte,. Gjorge Ivanov; o chefe de Estado e o primeiro-ministro, Zoran Zaev, acompanharam Francisco, que seguiu depois para Palácio Presidencial.

Perante autoridades civis e religiosas, o pontífice destacou o caráter histórica desta visita.

“É a primeira vez que o sucessor do Apóstolo Pedro visita a República da Macedónia do Norte e tenho a alegria de o poder fazer no 25.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas com a Santa Sé, que teve lugar poucos anos depois da independência, ocorrida em setembro de 1991”, declarou.

Francisco elogiou a “composição multiétnica e multirreligiosa” do povo macedónio, capaz de promover uma convivência “pacífica e duradoura”.

Aqui, tanto a diferente filiação religiosa de ortodoxos, muçulmanos, católicos, judeus e protestantes, como a distinção étnica entre macedónios, albaneses, sérvios, croatas e pessoas doutras origens criaram um mosaico no qual cada ladrilho é necessário para a originalidade e beleza do quadro geral”.

A intervenção defendeu uma “integração mais estreita” com os países europeus.

“Almejo que tal integração se desenvolva positivamente por toda a região dos Balcãs ocidentais, sempre também no respeito pelas diferenças e os direitos fundamentais”, declarou o pontífice.

O Papa elogiou o trabalho desenvolvido no país para acolher muitos migrantes e refugiados vindos de vários países do Médio Oriente.

“A pronta solidariedade oferecida àqueles que se encontravam então na mais pungente necessidade por ter perdido tantas pessoas queridas, para além da casa, do trabalho e da pátria, honra-vos e fala da alma deste povo”, considerou.

Francisco evocou a figura de Madre Teresa de Calcutá, natural de Skopje, sublinhando que a santa “fez da caridade para com o próximo a lei suprema da sua existência, suscitando admiração em todo o mundo e inaugurando uma maneira específica e radical de se colocar ao serviço dos abandonados, dos descartados, dos mais pobres”.

“Exorto-vos a continuar a trabalhar com empenho, dedicação e esperança, para que os filhos e as filhas desta terra possam, a seu exemplo, descobrir, alcançar e amadurecer a vocação que Deus sonhou para eles”, apelou.

A intervenção concluiu-se com votos de que a Macedónia do Norte possa ser “um farol de paz, hospitalidade e integração fecunda entre culturas, religiões e povos”.

O Papa deixou a Bulgária esta manhã, após uma breve cerimónia de despedida no aeroporto internacional de Sófia, para um voo de 166 quilómetros e 55 minutos até Skopje.

OC

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Agência ECCLESIA

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