Luxemburgo: Papa despede-se do país com apelo à inclusão dos migrantes

Encontro com comunidade católica, em clima de festa, teve vozes portuguesas

Luxemburgo, 26 set 2024 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje a sua visita de sete horas ao Luxemburgo com uma visita à Catedral de Notre-Dame, onde se encontrou com a comunidade católica do país, que convidou à inclusão dos migrantes.

“O espírito do Evangelho é um espírito de acolhimento, de abertura a todos, e não admite qualquer tipo de exclusão”, referiu.

“Encorajo-vos, portanto, a permanecer fiéis a esta herança, continuando a fazer do vosso país uma casa amiga para quem quer que bata à vossa porta em busca de ajuda e hospitalidade”, acrescentou o Papa.

Em clima de festa, Francisco foi recebido junto à Catedral pelo arcebispo do Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich, após um percurso em carro aberto pelas ruaas da capital.

Antes de chegar à Catedral, o Papa fez uma paragem rápida num café perto da residência do arcebispo so Luxemburgo, depois do almoço, tendo ainda abeçoado uma grávida com quem se cruzou no caminho.

O encontro com a comunidade católica contou com testemunhos de três pessoas – incluindo um jovem e uma religiosa portugueses – e um espetáculo de dança ‘Laudato si’, sobre a vida de São Francisco de Assis, criado pelo diácono Diego Lima e apresentado por um grupo de jovens.

Falando na importância de acolher “todos, todos, todos”, o Papa sublinhou que a “compaixão pelos abandonados” é uma tradição que vem já do Antigo Testamento.

Muito obrigado ao povo e ao Governo do Luxemburgo por tudo o que fazem pelos migrantes. Obrigado”.

O Papa destacou o início do Jubileu Mariano, com o qual a Igreja luxemburguesa comemora quatro séculos de devoção a Maria, “Consoladora dos Aflitos e padroeira do país”.

“Na oração de abertura do Ano Mariano, pedimos à Mãe de Deus que nos ajude a ser ‘missionários prontos a testemunhar a alegria do Evangelho’, conformando o nosso coração ao seu ‘para nos colocarmos ao serviço dos irmãos’”, assinalou.

À imagem do que aconteceu esta manhã, no primeiro discurso em solo luxemburguês, Francisco recordou as responsabilidades para com a “casa comum”.

“Queridas irmãs, queridos irmãos, consolar e servir, a exemplo e com a ajuda de Maria, é a linda missão que o Senhor nos confia. Obrigado pelo trabalho que realizais e, também, pela ajuda generosa que quisestes partilhar com os necessitados. Abençoo-vos e rezo por vós. E vós, por favor, rezai também por mim”, concluiu.

Depois da deposição da Rosa de Ouro e da bênção final, a Igreja luxemburguesa ofereceu um presente ao Papa~- um donativo das comunidades católicas, que encaminhou para a Cáritas local, no apoio aos pobres e refugiados.

Francisco deixou a Catedral e seguiu para aeroporto, onde decorre a cerimónia de despedida do Luxemburgo, rumo à Bélgica.

OC

O encontro contou com o testemunho da irmã Maria Perpétua Coelho dos Santos, religiosa portuguesa, em representação das comunidades linguísticas do Luxemburgo, que agradeceu ao Papa a “coragem em acolher os migrantes e os refugiados.

A religiosa realçou que o Luxemburgo tem uma população de cerca de 660 milhabitantes, 47,4% dos quais não são luxemburgueses, a que se somam cerca de 215 mil trabalhadores transfronteiriços.

Esta população forma uma comunidade católica “rica em comunidades linguísticas: luxemburguesa, portuguesa, francesa, cabo-verdiana, italiana, inglesa, espanhola, polaca, ucraniana, vietnamita, húngara, eslovaca, checa, croata, filipina, africana”.

“Caro Santo Padre, na cerimónia de boas-vindas às JMJ em Lisboa, vossa santidade disse: todos, todos, todos. Consigo, estamos comprometidos com uma Igreja aberta a todos, universal, sinodal, que chama todos e cada um de nós a seguir Cristo”, concluiu.

Outro dos três testemunhos esteve a cargo do jovem português Diogo Gomes Costa, que evocou a experiência de participar na JMJ Lisboa 2023 e nos “Dias nas Dioceses”, especificamente na Arquidiocese de Braga, com o grupo de Cabeceiras de Basto.

Citando um dos discursos de Francisco em Lisboa, o jovem destacou que “na Igreja, há lugar para todos”.

“Construir a Igreja de amanhã significa também cuidar uns dos outros, tal como São Francisco cuidou de um leproso descendo do seu cavalo e cobrindo-o com o seu manto”, indicou.

“Obrigado”, respondeu o Papa, que perguntou pela nacionalidade do jovem português.

 

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