Lusofonias – Servir Cabinda

Tony Neves

O P. Belmiro Chissengueti, Provincial dos Espiritanos de Angola foi surpreendido com o convite do Papa Francisco para ser o novo Bispo de Cabinda. Aceitou como serviço.

Participou no X Capítulo dos Espiritanos de Portugal, realizado em Cascais, Lisboa, de 15 a 27 de Julho. Numa entrevista, deixou o seu testemunho, mas também lançou alguns sinais de alerta.

A intervenção social da Igreja em Angola mereceu uma reflexão de D. Belmiro. Refere que ‘a Igreja tem continuado o seu papel na busca constante da reconciliação nacional e da paz social. Não se tem calado diante da galopante corrupção que está a destruir o futuro do país. Uma outra frente de intervenção Igreja é a integridade da criação. As zonas de exploração diamantífera e petrolífera não têm sido suficientemente cuidadas no que toca às questões ambientais. Um problema novo é a desflorestação intensa, descontrolada e criminosa que o país estava a viver. Sem uma mão firme, Angola pode tornar-se um deserto nos próximos anos, e já há sinais graves das consequências da desflorestação, sobretudo no Huambo, onde foi noticiado, há dias, que houve nascentes que secaram por causa directa da desflorestação. Os Bispos simbolizaram a necessidade da mudança de mentalidade por meio da floresta ‘Laudato Si’ iniciada, recentemente, no Namibe’.

Sobre a sua nomeação para Bispo de Cabinda, partilhou a surpresa. Disse: ‘devo confessar que não foi fácil acolher o pedido do Papa Francisco para pastorear a Diocese de Cabinda. Tive noites em branco, de profunda reflexão e oração. Dos dias de reflexão que me haviam dado, pedi mais dois. No final cheguei à conclusão de que dizendo ‘não’ ao Santo Padre, para mim, não teria mais sentido nem a minha consagração religiosa nem o sacerdócio que têm na obediência à autoridade legítima a força motriz da missão da Igreja. Se cada um realizasse a sua vontade não haveria missão da Igreja. Custou-me muito porque tinha projectos muito claros tanto a nível da Congregação como da Conferência dos Religiosos que presido desde Março de 2017. Mas, a vontade de Deus é maior do que todos os nossos projectos ou seja, Deus tem os seus projectos’.

Confrontado sobre eventuais expectativas do povo de Cabinda, D. Belmiro disse que se apresenta como ‘um amigo, um pastor, um “simples e humilde servidor da vinha do Senhor” como dizia o Papa emérito Bento XVI. Irei a Cabinda de alma e coração abertos para o diálogo aberto com todos e todas, velhos, adultos, jovens e crianças. Gostaria de gastar mais tempo naquilo que nos une e contribui para desenvolvimento da Igreja e da sociedade, contando com a colaboração directa, sincera e comprometida dos irmãos no sacerdócio, dos religiosos e religiosas, das comissões diocesanas, dos jovens, das famílias, dos movimentos laicais, das mamãs, de todos’.

A Missão é sempre um desafio arriscado. Há campos que parecem mais fáceis e outros que se apresentam mais difíceis. Mas o importante não é medir riscos, mas tentar cumprir a vontade de Deus.

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Agência ECCLESIA

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