Tony Neves, nas Pré JMJ
Todos os caminhos dos jovens católicos vieram dar a Portugal. As Jornadas Mundiais da Juventude juntam mais de um milhão de jovens, tendo muitos deles feito milhares de quilómetros para aqui chegar. Notam-se as olheiras do cansaço e sono acumulado. Ouvem-se vozes que falam línguas que não entendemos. Vemos rostos que mostram povos e culturas tão diferentes das nossas. Mas chegamos todos pela mesma causa, respondendo ao mesmo apelo do Papa Francisco que nos convidou a fazer de Portugal um lugar de peregrinação, de encontro, de partilha de vida, valores e experiências, e carregamento de baterias para continuar a construir um mundo mais humano, mais fraterno e mais cristão.
Eu também saí da quente Amazónia para me deixar contagiar pela alegria, fé e abertura deste planeta jovem. Como os Espiritanos lançaram o desafio da Família Una, comecei por acompanhar os jovens em pré-Jornadas, espalhados por quatro pólos no norte, tendo como centro as Casas das Comunidades de Braga, Barcelos, Régua e Porto.
Encontrei no Porto, na Casa de Formação Espiritana do Pinheiro Manso, um primeiro grupo muito plural, com jovens vindos de vários países da Europa, América e África. Ali participei num Concerto Orante, com a presença das Irmãzinhas dos Pobres e diversas Irmãs Espiritanas.
Godim, na Régua, foi o meu segundo ponto de encontro com jovens. Fiz com eles a subida até Loureiro, sempre a ladear vinhas e a olhar para o Douro e para as suas encostas, Património da Humanidade. É sempre uma paisagem de cortar a respiração, com uma beleza ímpar a encher-nos os olhos. Os jovens, provenientes de diversas partes do mundo, reflectiram durante a subida e partilharam um almoço de farnel, com os olhos bem postos na beleza única desta paisagem duriense.
Fui até Barcelos onde tive a alegria de encontrar Espiritanos vindos do mundo inteiro a acompanhar jovens e, depois, na Paróquia de Abade de Neiva, participei na Eucaristia e na Festa dos Povos, um momento muito animado com a atuação do Rancho Folclórico local e a intervenção dos jovens vindos do Brasil, EUA, Taiwan … Foi um encontro feliz de povos e culturas, muito aplaudido por todos, a demonstrar que a riqueza da diversidade é um valor a cultivar e partilhar.
Braga foi uma minha última etapa do norte. Estive nas Paróquias de Nogueira e Lomar, confiadas aos Missionários do Espírito Santo. Ali celebrei, ali jantei, num momento particularmente forte, pois o bom povo desta terra, que acolheu os jovens nas suas famílias, veio até ao pavilhão da Escola Secundária de Nogueira para um jantar partilhado e muita festa. Impressionavam os trajes típicos de Taiwan, bem como a alegria que irradiava de rostos mais jovens e mais idosos, todos unidos em torno deste evento maior, as JMJ.
As Pré-Jornadas fizeram apelo à sensibilidade social dos jovens, marcadas por visitas e animações em diversas instituições de solidariedade.
Do norte, os quatro Grupos rumaram a Fátima, via Caneiro, ali à sombra do castelo de Ourém, onde almoçaram, por cortesia da paróquia e o apoio incondicional de vários membros da grande família espiritana, sobretudo da LIAM e dos Jovens Sem Fronteiras. Foi outro grande momento para mostrar como em família alargada tudo se pode tornar mais fácil. Percebi que, na organização de todos os eventos destas Pré-Jornadas Espiritanas, estão comprometidos Leigos Associados, Fraternidades e muitas pessoas que pertencem à LIAM, aos JSF, aos ASES, ou que passaram bons tempos nestes Movimentos Missionários.
Fátima foi colo da Mãe. Os jovens participaram nas celebrações do Santuário e rumaram ao Seminário da Torre d’Aguilha, em Cascais, para a conclusão das Pré-Jornadas. A Cerimónia de Abertura foi presidida pelo P. Jeff Duaime, 1º Assistente Geral dos Espiritanos em Roma e pelo P. Pedro Fernandes, provincial dos Espiritanos em Portugal. Celebrações, workshops e encontros temáticos sobre a Missão hoje, bem como momentos programados e improvisados de animação e partilha da riqueza cultural de cada jovem e de cada país encheram de festa e fé a Torre d’Aguilha. Este domingo, os jovens participaram na Eucaristia nas duas paróquias confiadas ao cuidado pastoral dos Espiritanos: Tires e Abóboda.
Dali partirão para a vivência destas JMJ, de 1 a 6, no centro de Lisboa. O Papa Francisco pode vir, porque os jovens estão preparados e de coração aberto para o acolher e, com ele, celebrar o futuro da Igreja e do mundo que está nas mãos das novas gerações.