Lusofonias: Paulo VI e Óscar Romero

Tony Neves

O Papa Francisco decidiu canonizar Paulo VI e D. Óscar Romero a 14 de Outubro, durante o Sínodo sobre os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional. Este Papa não escolhe nada por ocaso e a oportunidade da data é sempre um desafio à Missão.

São dois homens de Igreja, imagens de marca de tempos difíceis e de uma coragem à prova de tudo.

Paulo VI teve a missão corajosa e lúcida de aplicar à Igreja universal as inspirações e decisões do Concílio Vaticano II. Havia muita tensão nesta grande família e muitos puxavam para trás, achando o Vaticano II um delírio do ‘velhinho’ João XXIII. Outros pensavam que era urgente transformar em vida da Igreja as importantes decisões votadas pelos Padres Conciliares e que ajudavam a abrir, de par em par, as janelas da Igreja para entrar a tal ‘lufada de ar fresco’ que colocaria o coração da Igreja a bater ao ritmo acelerado do coração de Deus.

Foi no Pentecostes que Francisco deu esta boa notícia à Igreja e ao mundo. Seguir a inspiração, as intuições e a vida destes dois santos é um programa de vida de excelência para jovens e menos jovens.

Paulo VI (Papa de 1963-1978) pegou nas pontas soltas de uma caminhada Conciliar e levou até ao fim (e às últimas consequências) este acontecimento maior da Igreja do século XX. Depois, teve a ousadia de o ‘obrigar’ a aplicar, desde a Liturgia à Missão. Lançou iniciativas extraordinárias como o Dia Mundial da Paz (1967), O Sínodo dos Bispos (1967), a Encíclica ‘Populorum Progressio ‘ (1967) e a Exortação Apostólica ’Evangelii Nuntiandi’ (1975). Paulo VI também está ligado ao início das viagens pastorais dos Papas, tendo vindo a Fátima em 1967.

D. Óscar Romero, de El Salvador, viveu os tempos duros da repressão no seu país e tentou aplicar os textos Conciliares, sobretudo a ‘Gaudium et Spes’ que defende a opção pelos mais pobres. Ele, como Bispo (1970-1980) denunciava com coragem a repressão do regime militar e as muitas mortes provocadas pelos tristemente célebres ‘esquadrões da morte’. Foi martirizado em 1980 quando celebrava missa na Capela do Hospital.

Ambos serão para os jovens uma referência extraordinária de resposta à vocação de Deus, com uma Fé à prova de tudo. Serão para toda a Igreja luzes num tempo em que os caminhos parecem difíceis de percorrer, com muitas pedras de tropeço. Os valores da Fé, da abertura aos sinais do Espírito, do compromisso em favor dos mais pobres… são património dos Evangelhos que se tornam Palavra Viva quando homens como Paulo VI e Óscar Romero os decidem pôr em prática com tanta radicalidade.

Tony Neves

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