Lusofonias – O futuro da Missão, segundo Dakar

Tony Neves em Dakar, Senegal

Preparar os Espiritanos do futuro é Missão difícil, mas desafiante. Quinze dias vão preencher as vidas de uma trintena de Espiritanos que, nos quatro cantos do mundo, dão a vida nas Casas de Formação.

O primeiro desafio é o da pluralidade de culturas. É uma riqueza enorme que os Espiritanos capitalizam. Cada terra tem os seus valores de fundo e de história. Os Espiritanos que ali nascem e crescem trazem essa riqueza que vão integrar na sua formação e levar, depois, pelos caminhos do mundo, lá onde forem nomeados. Outro desafio grande é o do contexto dos jovens e menos jovens que cruzam as suas vidas com a Missão Espiritana e colocam a possibilidade de um dia professar e entrar nesta grande família. De facto, há muitas realidades onde os Espiritanos se empenham que são marcadas pela guerra, por outras formas de violência, pela perseguição, pela pobreza extrema. E estes problemas graves marcam também a cabeça e coração dos jovens que ali crescem. Desafio igualmente importante é a dimensão académica. Queremos que todos tenham uma formação de base muito sólida, seguida de Filosofia e Teologia o mais abertas que se possa dentro de um quadro de fidelidade à Igreja. Não é fácil assegurar esta formação íntegra e integral, sem abrir portas a integrismos e fundamentalismos que matam o essencial do Evangelho e da Missão da Igreja. Também é importante o estudo das grandes correntes da Missiologia, bem como o conhecimento das fontes e da história da Missão Espiritana que acontece nos cinco continentes e tem mais de 300 anos. A somar a todos estes desafios está o facto da Missão Espiritana ter as dimensões do mundo. E mais: cada novo Missionário deve partir sempre para fora da sua área de conforto e segurança, trabalhando numa terra de geografia, cultura e, por vezes, até língua diferente. O ‘preparados para tudo’ é lema que implica abertura, disponibilidade de espírito, desprendimento de muitas amarras, formação sólida…e tantos outros valores que têm de ser cultivados durante o tempo da formação. E, claro, se o carisma da Congregação é a evangelização integral dos mais pobres e abandonados dos humanos, então há combater todas as formas de misérias que vitimam as pessoas por esse mundo além e há que ajuda-las a rasgar caminhos de esperança e de futuro.

Estes valores de fundo cultivam-se nas Casas de Formação. O Encontro Internacional de Formadores Espiritanos, aqui em Dakar, no Senegal, é um puzzle de povos e culturas, mas respira-se comunhão, pois abraçamos todos o essencial da Missão.

Estão a ser de grande riqueza os momentos de partilha. É tão bom escutar as alegrias e tristezas, angústias e esperanças dos Missionários do Brasil e dos Camarões, de Portugal e do Paraguai, da Nigéria e de Taiwan, dos Congos e da França, do Vietname e de Angola, do Senegal e dos Estados Unidos, de Cabo Verde e da Polónia, de Itália e da Tanzânia, de Madagáscar e do Quénia, das Seychelles e do Gabão, do Gana e do Uganda, das Filipinas e da Irlanda… para apenas falar em alguns dos países presentes.

O objetivo máximo deste Encontro é apontar caminhos de futuro para a Formação Espiritana. Tudo por causa do Capítulo Geral que terá lugar na Polónia em 2020. Pelas intervenções – a começar pelo Superior Geral, P. John Fogarty –, nota-se a urgência de apostar em mais e melhor formação. A Missão hoje é de alta exigência e há que levantar os níveis de preparação. Todos teremos a ganhar.

 

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Agência ECCLESIA

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