Lusofonias – Fátima: a luz de mão em mão

Tony Neves

As noites de Fátima são de luz. Sempre misturadas com silêncio. Junto à Capelinha concentram-se, dia após dia, centenas e centenas de pessoas para um encontro especial com a Mãe. Nos rostos abrem-se sorrisos ou escorrem lágrimas, pois são as vidas, tal como elas são, que se entregam à Senhora vestida de branco.

Gosto de chegar cedo. Logo que a celebração do Rosário começa, há o rito do acender da vela, enquanto se entoa um cântico clássico sobre a Luz. E, do grande círio pascal, sai a primeira vela acesa cuja luz se multiplica, chegando em poucos segundos a toda a assembleia, ficando o recinto iluminado.

A Missão é como esta luz, passa de boca em boca, de coração em coração. Um destes dias, em Fátima, três dos cinco Mistérios do Rosário foram recitados por Irmãs Missionárias do Espírito Santo, que realizam o seu Capítulo Geral. O Rosário foi recitado em sete línguas. As Irmãs Espiritanas vieram de 16 países diferentes, nos quatro grandes continentes: Portugal, França, Holanda, Canadá, Brasil, Haiti, Angola, Cabo Verde, Camarões, Senegal, Guiné-bissau, República Centro Africana, Congo Kinshasa, Moçambique, Nigéria e Filipinas. O mundo e as suas preocupações missionárias reuniram-se á volta de uma mesa no auditório das Irmãs Dominicanas, em Fátima.

As Missionárias do Espírito Santo assumem a sua opção radical pelos mais pobres e os seus compromissos falam disto mesmo. No Brasil trabalham nas periferias de grandes cidades ou no interior abandonado; em Angola e Moçambique ajudam a reconstruir países marcados por longas e duras guerras civis; na Guiné e no Haiti, o combate é contra uma pobreza generalizada; nas Filipinas, Nigéria, República Centro Africana e Camarões, apostam no diálogo com o mundo islâmico e enfrentam as consequências das intervenções de grupos radicais muito violentos. São apenas alguns exemplos de uma missão que se avalia e reprograma neste grande evento que é o Capítulo Geral.

Regressemos ao Santuário e à luz que se espalhou pelo recinto naquela noite fria de Agosto. O Rosário foi recitado em Português, Italiano, Francês, Espanhol e Inglês, mas também nas línguas Tamil do Sri Lanka e Tagalo das Filipinas. A irmã Glória Lopes, deu a voz ao português; a Irmã Nathalie Yadou, da República Centro Africana, rezou em francês. A Irmã Doreen Nnubia recitou em inglês e a Irmã Laly Nieto rezou em espanhol. Esta diversidade de línguas, qual manhã de Pentecostes, traduziu o mundo sem fronteiras que somos ou deveríamos ser. A luz que passou de mão em mão, traduziu bem a urgência de uma Missão em que Cristo e a sua mensagem têm de continuar a percorrer os caminhos do mundo e da história.

O papa Francisco, ao lançar o Ano da Vida Consagrada, traçou objectivos muito altos: fazer uma memória agradecida do passado, viver o presente com paixão e construir o futuro com esperança. São estes os valores que por Fátima se cultivam para que a Missão das Irmãs Espiritanas cresça e cumpra os objectivos que presidiram à sua fundação.

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Agência ECCLESIA

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