LUSOFONIAS – A ‘Revolução silenciosa’ do SIMA

Tony Neves

O Voluntariado Missionário está a provocar uma ‘revolução silenciosa’… esta é uma convicção que eu aprofundo cada dia que passa. Trata-se de uma lufada de ar fresco na Igreja, pois veio abrir uma nova ‘frente da Missão’ que envolve muito mais as famílias, as paróquias, as universidades, os movimentos juvenis e até algumas Dioceses. Na hora do regresso, o impacto evangelizador e social nas comunidades é grande e não conseguimos ainda medir os efeitos desta experiência que marca o resto da vida de quem um dia ousou partir em Missão.

Tudo isto vem a propósito do ‘Projeto Sima’ que levou a Cabo Verde, em agosto, 10 jovens da Paróquia da Foz do Sousa, Diocese do Porto. Iniciou em 2020 – como contam a Margarida e a Anita, responsáveis desde a primeira hora. A Magui é dos Escuteiros e a Anita dos Jovens Sem Fronteiras. Estes dois Movimentos fizeram uma espécie de ‘coligação missionária’ e o projeto de rumar a Cabo Verde foi ganhando corpo. S. Lourenço dos Órgãos seria a Paróquia de acolhimento, com apoio especial das Animadoras Missionárias. Depois, era urgente escolher a equipa, prepara-la bem, definir as áreas de intervenção e reunir os fundos necessários. Aqui entraram em cena a paróquia, os movimentos, as famílias e os amigos, que era fundamental envolver e mobilizar. Batalha ganha!

Além de participar em todos os eventos e iniciativas pastorais da Paróquia dos Órgãos, o Grupo Sima queria, como conta a Magui: ‘Equipar escolas locais com material escolar e produtos de higiene pessoal, através do envio de um contentor; promover atividades potenciadoras do desenvolvimento integral das crianças junto das comunidades da paróquia dos Órgãos; formar a comunidade nas áreas da saúde, educação (português e matemática) e ambiente; partilhar conhecimentos e aprendizagens com a população local, sendo testemunhas da sua realidade enquanto jovens cristãos; equipar uma parte do lar de estudantes na cidade da Praia, com secretárias de estudo e cadeiras’. Foi um projeto ambicioso, mas bem sucedido. Regressaram felizes e motivados. Transmitiram essa alegria e fé aos familiares, paroquianos e amigos. Talvez o testemunho da Rosarinho, Audiologista, 23 anos, explique tudo: ‘fui de mala cheia, voltei com o coração a abarrotar. Trouxe ainda mais vontade e coragem para embarcar noutra experiência solidária’.

Que trouxeram mais de Cabo Verde? O melhor é mesmo dar a palavra aos jovens: A Anita, 22 anos, a terminar o mestrado em Economia, partilha: ‘conheci outra grande parte dos meus irmãos e encontrei novas formas de viver a Fé. Aprendi também a dar valor ao ‘estar’ e percebi que pequenas ações podem ter grande impacto, seja numa pessoa ou numa multidão’. A Isabel, 20 anos, estudante de Enfermagem, confessa: ‘adoraria um dia voltar para os braços daquela gente sábia, trabalhadora, honesta e alegre; para poder matar saudades, aprender, ensinar, voltar a trocar experiências, amar e dar continuidade a isto que é a missão’. A Mariana, 21 anos, estudante de Enfermagem, diz: ‘Aprendi que para fazer missão é necessário estarmos sempre prontos a servir e, com isso, desenvolvi um sentido de responsabilidade para com a comunidade, partilhando a minha fé e ajudando outros jovens a serem curiosos e ativos na igreja e na sociedade’. O Edgar, 25 anos, engenheiro industrial, diz que ‘a comunidade deu-me tudo de si. E aí percebe-se que com uma experiência destas quem vai recebe muito mais do que dá’. O Nuno, 19 anos, estudante de Contabilidade, refere com humor que  ‘de lá trouxe imensa coisa, desde fruta a amizades para sempre, e uma lição que vou levar para a vida toda: com pequenos atos e pequenas coisas se constroem grandes relações e se alcançam grandes feitos’. A Matilde, 18 anos, estudante de Enfermagem, explica: ‘Aprendi que o que realmente importa neste caminho que fazemos ao longo dos anos são aqueles que temos, as memórias e marcos que fazemos, e o tipo de vida que escolhemos ter’. O Pedro, 18 anos, estudante de Hotelaria, anuncia feliz: ‘fiz 3 novas mães, 2 novas tias, 9 novos irmãos e muitos amigos’. O Carlitos, 19 anos, estudante de Gestão, não tem palavras para descrever tão forte experiência, mas repete o que todos dizem: ‘um obrigado não chega, tenho a certeza que um dia irei lá voltar!’.

Sim, as frases mais repetidas são ‘recebi mais do que dei’ e ‘hei-de voltar um dia!’. Que assim seja! Desejo um excelente e inspirado Dia Mundial das Missões.

 

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