LUSOFONIAS – 2020 aberto ao futuro…

Tony Neves, em Roma

2019 deita-se com pesadelos e não há garantias de que 2020 desperte para um ano cor de rosa. Basta dar uma olhadela por jornais e sites, ou passear um pouco pelas redes sociais para percebermos que algo vai mal por esse mundo além. Começando pelo clima, esta reunião do COP 25 em Madrid mostrou ao mundo que já não se pode brincar mais com o nosso querido planeta. O secretário geral da ONU, António Guterres, disse claramente aos governantes do mundo: ‘por favor, liderem, não sigam apenas!’. É isso que todos precisamos: que o mundo tenha líderes com rasgo, competência, honestidade e compromisso.

Voltando aos pesadelos de 2019: A Síria está a ferro e fogo;  Hong Kong está em pé de guerra por causa da proposta das extradições para a China continental; na Nicarágua, a gota de água que fez transbordar o copo e pôr o povo na rua foi a reforma da segurança social; na Bolívia foi a acusação de fraude que levou à saída do presidente; no Líbano foi a ameaça de ter de pagar o WhatsApp; no Iraque, as populações revoltaram-se e mobilizaram-se a exigir serviços públicos que funcionem; no Sudão, triplicou o preço do pão; no Chile subiu o custo do Metro; na República Democrática do Congo, na Nigéria e na República Centro Africana continuam os distúrbios à porta fechada, longe dos olhares dos grandes media; na Catalunha, muitos querem a independência; na Venezuela, a muita riqueza deu em caos e fome; em Paris, os ‘coletes amarelos’ manifestam-se ao sábado; nos EUA, querem mandar abaixo o Presidente por impeachment; no Iémen, uma guerra já matou 80 mil crianças de fome; no Irão, protestos e repressão violenta após aumento dos combustíveis; Israel e Palestina continuam a brindar-se com ataques e atentados; no Reino Unido, a guerra é por e contra o BREXIT; a Etiópia aqueceu com questões fronteiriças e violência entre etnias;  a ONU e a NATO estão em crise de missão e sem fundos;  a Amazónia está a arder, a ser invadida, cobiçada e derrubada… e podia continuar a falar dos pesadelos que povoam as noites (e os dias) dos cidadãos do nosso mundo!

Mas, há também tanta coisa boa a acontecer sobre a face da Terra, a provar o muito lugar que ainda existe para a esperança e para o futuro. É preciso – e é urgente – intervir.

O Papa Francisco, na sua habitual Mensagem para o Dia Mundial da Paz, fala-nos desta como caminho de esperança. Há que trabalhar mais e melhor com diálogo, reconciliação e conversão ecológica. A esperança dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. A guerra destrói a fraternidade e mina a confiança entre pessoas e povos, nutrindo-se da perversão das relações humanas. Deus é a fonte da paz e da fraternidade. Há que cultivar a memória das guerras trágicas, para que não se repitam. O mundo precisa de profetas da esperança e do futuro, testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem manipulações.

O Papa lembra ainda que os processos de paz exigem paciência, respeito e perseverança. Por fim, Francisco lança um apelo mundial à conversão ecológica, pois temos que amar os pobres e respeitar a mãe natureza, fazendo da terra uma casa comum. Este processo exige reconciliação global e uma cultura do encontro.

Que 2020 seja um ano aberto à solidariedade. Um futuro feliz ficará assim marcado pela paz, pela esperança, pelo diálogo, pela reconciliação e pela conversão ecológica.

 

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