Vaticano: Cardeal Tolentino Mendonça sublinha «exigência» da reforma promovida pelo Papa

Arquivista e Bibliotecário da Santa Sé comenta mudanças pedidas por Francisco à Cúria Romana numa entrevista ao programa Ecclesia (RTP2), que vai ser emitida no dia de Natal

Foto: Lusa

Lisboa, 23 dez 2019 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça destacou à Agência ECCLESIA a exigência da reforma promovida pelo Papa, na Cúria Romana, promovendo uma “conversão” para “privilegiar as dimensões da evangelização e do encontro”.

“A interpretação deste tempo e dos sinais dos tempos, do caminho a seguir, é uma coisa muito exigente, porque nos pede a todos uma desinstalação muito grande e uma capacidade de arriscar novos caminhos, novas linguagens, novas propostas, vivendo uma simplificação maior dos nossos meios, das nossas estruturas”, refere o arquivista e bibliotecário da Santa Sé, em entrevista que vai ser publicada no dia de Natal.

O responsável comentou o discurso proferido por Francisco no tradicional encontro natalício com os seus mais diretos colaboradores, no último sábado.

“O Papa Francisco faz sempre um discurso programático. Parte-se do Natal para pensar na vida”, precisou.

Segundo o cardeal português, o pontífice quis “pré-anunciar a reforma da Cúria”, rejeitando qualquer atitude de “rigidez”.

“Às vezes, as estruturas e as instituições têm essa tentação, de se tornarem rígidas e autorreferenciais; ora, é preciso abrir-se à novidade do Evangelho e às exigências, aos novos desafios do Evangelho”, apontou.

Com naturalidade, com simplicidade, é este o grande apelo que o Santo Padre nos faz: o viver comunitário, o trabalho comum”.

D. José Tolentino Mendonça observou que o lugar do Cristianismo no mundo “tem um formato completamente diferente do que era há alguns séculos, num regime de Cristandade”.

“É preciso adequar-se. Há uma palavra italiana que o Concílio Vaticano II cunhou, e que é muito repetida na Igreja: o aggiornamento. Colocar em dia os nossos processos. Isso só se faz com a capacidade de trabalhar em equipa, de trabalhar conjuntamente”, referiu.

Num ano em que foi nomeado “figura nacional do ano”, pelo Semanário Expresso, e recebeu a Medalha de Mérito da Região Autónoma da Madeira, o cardeal diz receber estas distinções “com muita humildade e respeito pelo sentimento dos outros”.

“O que me faz aceitar e sorrir a todos é a oportunidade de que esses momentos sirvam para trazer, para o espaço público, determinadas temáticas, falar de assuntos, trazer uma mensagem que normalmente não está tão presente no dia a dia das conversas e escolhas”, explicou.

O colaborador do Papa vai ser o presidente das próximas comemorações do 10 de Junho, na Madeira, assumindo a intenção de falar “como cidadão português, mais um”.

“Espero que o discurso possa contribuir, humildemente, para o debate e para as preocupações da nossa comunidade nacional”, aponta.

A entrevista ao cardeal D. José Tolentino Mendonça vai ser emitida no programa Ecclesia do dia de Natal, na RTP2, pelas 15h30.

PR/OC

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