Lusofonia no Jamboree Mundial

Escuteiros de língua portuguesa dão um colorido especial à ilha de Brownsea, no centenário do Escutismo Uma imensa emoção tomou conta dos escuteiros portugueses na hora da renovação da promessa em Brownsea, na Inglaterra, onde decorre o 21º Jamboree Mundial. “Estar no acampamento do centenário do Escutismo, junto de 40 mil jovens vindos de vários pontos do mundo, representando mais de 200 países, são tudo factores que contribuem para que seja um momento único”, explica à Agência ECCLESIA, José Gouveia, responsável pelo representação portuguesa nos ateliers, com funções também no acompanhamento à comunicação social. No final da cerimónia de ontem, todos os escuteiros receberam um lenço e uma tarefa – recolher 100 assinaturas de escuteiros à sua volta. “O entusiasmo foi enorme”, recorda, “40 mil jovens misturados, a conhecerem-se, a trocarem nomes”, pois a interacção é que conta. A língua não é barreira, pois os sorrisos trocam-se facilmente. Experiências inesquecíveis para viver e partilhar tomam contam dos escuteiros, que se misturam em línguas, nacionalidades e religiões – estão presentes muçulmanos, judeus, bahas. “Estamos num meio muito diverso e com várias culturas”, enfatiza. Nas actividades de campo, em conjunto “mesmo não partilhando a mesma língua, não há outra hipótese se não interagir, e resulta sempre”, garante. José Gouveia afirma mesmo sentir que em Brownsea estão a trabalhar para a paz mundial. “Quando somos obrigados os ser tolerantes com os outros, respeitando hábitos e formas de ser diferentes, temos que encontrar um denominador comum para que tudo funcione”, explica. “É muito interessante ver nacionalidades que estão em guerra, como é o exemplo dos israelitas e libaneses, aqui presentes juntos”. Esta é uma recordação que não se anula. “Isto é o mais importante aqui, onde se vive a festa”, onde jovens, mesmo sabendo que não são a solução para o fim dos conflitos “sabem que levam formas de entendimento comum porque experimentam”. José Gouveia lembra que “esta forma de vida tem 100 anos e que o fundador deve estar muito feliz por perceber que tantas pessoas seguem o seu caminho”. Várias actividades marcam os dias. Pode-se optar por participar em acções aquáticas numa barragem local, ateliers onde Portugal, presente com 10 bancas, está a ensinar jovens a pintar galos de Barcelos, azulejos, jogos tradicionais portugueses, ou até fazer brinquedos com material reciclável. Podem ainda aprender músicas e danças portuguesas. São actividades muito diversificadas, com propostas culturais de cada país onde a interacção é uma constante. Há ateliers da responsabilidade de ONG’s – a Unicef, Cruz Vermelha, a Organização das Nações Unidas para os Refugiados. Com tantas propostas “eles quase não têm tempo para respirar, pois a par da sua participação, são responsáveis pela confecção de todas as suas refeições”, conta José Gouveia. Lusofonia O dia de hoje é marcado, especialmente, pelas cores da Lusofonia. Esta ideia nasceu num Jamboree na Holanda quando os portugueses acharam que “os países que partilhavam a língua portuguesa se deveriam reunir”. Esta iniciativa inédita continua singular entre todos os escuteiros ali presentes. O acontecimento vai ser marcado por uma celebração eucarística, que vai ser presidida por um sacerdote português de Lamego, Pe. Fernando Mergulhão, contando com a presença também de outros sacerdotes lusófonos. Depois da Eucaristia, todos os escuteiros de língua portuguesa, cerca de 2000 ali presentes, participam num jogo interactivo onde o mais importante são os contactos que se estabelecem. José Gouveia, a participar no seu terceiro Jamboree Mundial, não esquece as pessoas que foi conhecendo aos longo dos anos. Ali os está a reencontrar Entre encontros mundiais, europeus e nacionais, muitas são as pessoas com quem já contactou e isso “não se esquece”.

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