Louriçal lembra madre Maria do Lado

Encerramento das celebrações do 400º aniversário do nascimento Encerram-se hoje no Convento do Louriçal (Pombal) as actividades celebrativas dos 400 anos do nascimento da madre Maria do Lado. A Fundadora do Mosteiro do Louriçal, e iniciadora do ramo das clarissas do desagravo em Portugal nasceu no Louriçal a 24 de Junho de 1605, dia de S. João Baptista. Aos 16 anos, a futura religiosa ficou órfã de mãe. Pouco depois de os Franciscanos, do Convento da Figueira da Foz, chegarem ao Louriçal, ela converte-se à Ordem, entregando-se definitivamente à vida religiosa. Em 1630 decide, por aconselhamento do padre Franciscano Bernardino das Chagas, formar, com mais cinco mulheres, um Lausperene (adoração perpétua) de adoração do Santíssimo Sacramento. Essa decisão foi fortalecida, a partir de 1631, pela profanação do sacrário da Igreja de Santa Engrácia: a partir daí, a Ir. Maria do Lado dedicou a sua vida a reparar, louvar e adorar o Santíssimo Sacramento. O seu nome religiosos é uma referência ao Lado de Cristo, trespassado pela lança no calvário. Nesse mesmo ano, as devotas recebem o hábito de Terceiras Professas da Ordem da Penitência de S. Francisco, fundando-se assim o primeiro Recolhimento religioso do Louriçal. Depois da sua morte, por doença, em 1632, conhecido o seu desejo da construção de um mosteiro, lança-se a primeira pedra em 1640, no local do seu nascimento. 50 anos depois, D. Pedro II ordena a construção de um novo convento, concluído em 1708. Antes, em 1692, já o Papa Inocêncio XII tinha dado ordem para o transformar em Convento de Clarissas, onde ainda hoje as irmãs da Ordem de Santa Clara vivem em clausura. Como escreve a Ir. Fernanda Ferreira, autora do livro “Convento do Louriçal – da profecia à realidade”, a Madre Maria do Lado tinha frequentemente “visões intelectuais”, sendo a mais famosa sobre o assalto à Igreja de Santa Ingrácia, o que de facto aconteceu. Quando o príncipe D. João (futuro D. João V) adoece gravemente, é feita a promessa de concluir o Convento do Louriçal, caso se curasse, o que veio a acontecer, depois do padre Francisco da Cruz, irmão de Maria do Lado, lhe ter colocado no leito terra da sepultura da irmã e uma cruz que lhe pertencera. O seu corpo está sepultado na capela-mor do convento. O processo da sua Beatificação, já na Cúria Romana, estava bastante adiantado. Mas, a situação política em Portugal com a supressão das Ordens Religiosas, interrompeu-o. Em Novembro de 2004, a Assembleia Plenária da CEP pronunciou-se a favor da reabertura do processo de canonização desta religiosa. A decisão veio ao encontro da intenção das irmãs do Convento do Louriçal, que têm prosseguido a causa da beatificação da fundadora da primeira comunidade religiosa daquela vila, cujo processo foi entregue ao Vaticano no século XVIII. Todo o processo antigo vai ser muito útil, porque há depoimentos que já têm 200 anos e que são muito mais autênticos do que os de hoje, relativamente à devoção, amizade, amor e veneração que já havia. Há oito anos, uma jovem de Ponte da Barca, que vivia em cadeiras de rodas, levantou-se, conseguindo andar, capacidade que era dada como impossível pelos médicos. A família da rapariga atribuiu a ocorrência a uma graça de Madre Maria do Lado, já que a mãe ia frequentemente ao Louriçal fazer novenas. Ainda hoje, há muita gente que vem pedir graças através dela, para os seus problemas do dia a dia. O processo de beatificação da religiosa do Louriçal é, contudo, dos que está mais atrasado entre os portugueses no Vaticano.

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