Lotação esgotada no Centro de Acolhimento Temporário para Imigrantes de São João de Deus

Centro para Imigrantes traça balanço positivo do primeiro ano de trabalho e diz que as respostas para o futuro passam por uma maior investimento na instituição O Centro de Acolhimento Temporário para Imigrantes de S. João de Deus (CATSJD) tem lotação esgotada. Com capacidade para 50 pessoas em situação de pobreza e exclusão social, o Centro passa com distinção o teste do seu primeiro ano de vida. “A experiência é claramente positiva, até porque tem sido um grande desafio desde o primeiro momento até ao presente” diz à Agência ECCLESIA o Ir. José Paulo, provincial dos Irmãos de São João de Deus. O trabalho do CATSJD esteve em avaliação numa reunião de balanço das parcerias que lhe deram vida, envolvendo no mesmo projecto instituições públicas e privadas. “Os parceiros lidam com as pessoas na rua e depois colocam-nas em contacto connosco, que os acolhemos, e este dinamismo é muito enriquecedor”, considera o Ir. José Paulo. O projecto, que começou por ser essencialmente teórico, descobriu desde Junho de 2003 diversas concretizações, que passam pelo acolhimento a adultos e crianças. O responsável máximo pela Instituição que recebe estas pessoas assinala mesmo que “sempre tivemos uma média de 12 crianças, além dos adultos, que estão na rua por várias razões”. As respostas a dar aos imigrantes passam, actualmente, por diversos níveis, desde a integração no mercado laboral ao retorno voluntário ao país de origem dos mesmos. O facto de encontrarmos um CATSJD completamente cheio não faz desanimar o Ir. José Paulo, para quem esta situação “é um sinal de que estamos a dar respostas”. “Este é um sítio de passagem, pelo que a preocupação é agilizar e acelerar os processos de reinserção, para acolher outras pessoas que necessitam do Centro”, explica. Com um investimento público de 350.000 Euros por ano, o projecto conta ainda com outros apoios a nível privado. O provincial da Ordem Hospitaleira revela, contudo, que “neste momento há uma grande dificuldade em termos económicos”. “À medida que vamos dando novas respostas, há a necessidade de ir actualizando equipamentos e de investir na manutenção da própria estrutura, pelo que é difícil dar uma resposta de qualidade sem mais apoios”, aponta. A presença de crianças, por exemplo, obrigou a contratar uma educadora de infância, algo que não estava previsto no início do projecto. “O nosso orçamento foi definido em função de estimativas e agora é óbvio que precisamos de mais”, conclui o Ir. José Paulo. O que é o CATSJD? O Centro de Acolhimento Temporário São João de Deus pretende ser um ponto de transição entre situações de urgência humanitária e uma acção concertada com vista à inclusão social. Com este intuito, foi disponibilizado, para além das infra-estruturas de suporte indispensáveis, um conjunto de recursos humanos que permitem assegurar, através de gabinetes de apoio psico-social, médico, de apoio jurídico e ao emprego, um acompanhamento de situações limite. O CATSJD destina-se ao acolhimento de imigrantes e cidadãos nacionais em condições de manifesta necessidade. Caso a candidatura ao acolhimento seja aprovada, o cidadão poderá gozar dos serviços do Centro de Acolhimento pelo período máximo de 90 dias. A criação do Centro surgiu de uma ampla rede de parcerias, composta pelos ministérios da Saúde, da Justiça e da Administração Interna, Câmara de Sintra, Fundação Calouste Gulbenkian, Banco Alimentar contra a Fome, Caritas Portuguesa, Serviço Jesuíta aos Refugiados e Obra Católica Portuguesa de Migrações. Face ao agravamento de situações de emergência humanitária em Sintra, este concelho tem direito a dez das 50 camas existentes no centro, que actualmente são ocupadas por sem-abrigo portugueses. Além das camas disponíveis, existem também duas salas comuns, espaço de oração, refeitório, cozinha e espaço exterior com campo de jogos, horta e árvores de fruto.

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