Liturgia: Especialistas valorizam comunidade

Fátima, Santarém, 29 jul 2011 (Ecclesia) – Terminou hoje em Fátima 37.º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, no qual quatro especialistas portugueses deixaram apelos em favor da valorização da dimensão comunitária nas celebrações da Igreja Católica.

O bispo nomeado de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, afirmou na sua intervenção que a liturgia “requer uma comunidade, um povo que se reúne”.

Para este consultor da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé), “a liturgia prolonga para cada comunidade celebrante, cada comunidade que se reúne para celebrar o mistério de Cristo, toda a história de salvação que Deus começou com o seu povo e que hoje continua na sua Igreja”.

O termo liturgia designa, de forma genérica, os vários momentos de culto promovidos pela Igreja Católica, como a celebração da missa e dos sacramentos, a recitação do chamado ofício divino, bênçãos e outros.

O cónego Luís Manuel Pereira da Silva, do patriarcado de Lisboa, falou da “liturgia como lugar por excelência da oração cristã”, enquanto celebração da morte e ressurreição de Jesus, um “acontecimento incontornável”.

“Quase que podemos dizer que a Igreja não tem outra coisa para celebrar, outra coisa que seja motivo da sua oração que não seja o mistério pascal”, referiu o professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Este especialista definiu a liturgia como “um diálogo da comunidade” com Deus, sublinhando a dimensão “humana e cósmica” das celebrações.

O padre Pedro Lourenço, também do patriarcado de Lisboa, alertou para o facto de a liturgia ter deixado “de ser alimento ou fonte de espiritualidade”, frisando que “a espiritualidade litúrgica não deve ser reduzida à dimensão subjetiva e intimista”.

“Sem anular as legítimas correntes de espiritualidade, como forma de concretização da piedade”, indicou, “a espiritualidade litúrgica há de ser o substrato comum a qualquer forma de vida cristã”.

Já o cónego João da Silva Peixoto, professor na UCP e membro do clero do Porto, frisou o “caráter orante da celebração litúrgica”, apontando o dedo aos “equívocos no conceito de participação” que prejudicaram essa dimensão.

Para o sacerdote, em causa estão, desde o final do II Concílio do Vaticano (1962-1965), que reformou a liturgia católica, “a confusão de papéis entre os vários participantes, induzida por um democratismo mal entendido” e “a redução do conceito de participação ativa ao de participação externa, promovendo um ativismo exterior como ideal da pastoral litúrgica”

Este responsável lamentou ainda o “excesso de palavras” na missa – passagem sublinhada com as palmas dos participantes -, apelando a uma prioridade à “ordem do agir”, que passa por “celebrar, sem didatismos deslocados, interferências ruidosas, na linguagem sábia do rito”.

Este encontro nacional, iniciado na segunda-feira, foi dedicado ao tema ‘Liturgia – A Igreja em oração’, tendo contado com 1100 inscritos.

OC

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