Lisboa: UCP promove fórum dedicado às «microfinanças»

Iniciativa sublinha necessidade de cruzar ética e economia

Lisboa, 24 nov 2017 (Ecclesia) – A Universidade Católica Portuguesa vai promover e acolher o Fórum das Finanças Ética e Solidárias (FFES), dedicado às ‘Microfinanças’, entre hoje e domingo, em Lisboa.

“Este cruzamento entre ética e economia podemos dizer que corresponde ao outro lado das encíclicas do Papa Francisco”, explicou António Mendo Castro Henriques, do Centro de Estudos de Filosofia (CEFI), da UCP.

Para o professor do CEFI realça que nas encíclicas, escritos doutrinários, intervenções e frases soltas do pontífice se encontram referências à “economia que mata, economia do descarte”, a “grande diferença” entre “uma comunidade de egoístas e do bem-comum”.

“Todas essas indicações que são por um lado sem dúvida religiosas, teológicas, mas também com sentido ético precisam depois de ser esmiuçadas por aqueles que operam no terreno da economia, quer nas áreas de produção, quer nas áreas de consumo e como é o foco deste fórum do financiamento e microfinanciamento”, desenvolveu.

O terceiro FFES é promovido pelo CEFI e pela Cooperativa para o Desenvolvimento das Finanças Éticas e Solidárias e entre 24 e 26 de novembro vão passar por Lisboa oradores nacionais e internacionais ligados ao microcrédito e às microfinanças.

Segundo o professor António Mendo Castro Henriques, o setor das microfinanças vai ser apresentado por quem está “no saber fazer entre”, com especialistas de França, Itália, Inglaterra, da União Europeia e “os nomes mais significativos da banca ética, da Banca Social Europeia”.

“Estamos a fazer filosofia aplicada, sem perder de vista que a filosofia exige teoria, estudo, é aplicada porque pode escolher áreas e comportamentos quotidianos onde os seus conceitos, os argumentos fazem a diferença”, acrescentou.

No FFES, realça, “todos vão trocar experiências”, por isso, vai ser “benéfico” para todos.

Neste contexto, espera-se um debate que é um género de “conversação” onde cada um partilha as suas “mais-valias” e onde se procura fazer caminho comum.

Dos teóricos da economia, o professor António Mendo Castro Henriques refere que se espera que pensem no “ser humano concreto” que têm à sua frente “com motivações” e “não uma visão abstrata e pouco fundamentada do agente humano”.

“Os preceitos não podem ser feitos para o homo economicus que não é ninguém mas para as circunstâncias concretas e desejavelmente solidárias”, observa.

Já dos teóricos da moral, dos éticos ou da teologia, pretendem que “não se limitem a afirmações genéricas” mas incorporem “comportamentos e conceitos concretos” sobre como as pessoas devem “operar no mundo da economia que é complexo”.

“Toca o quotidiano de cada família e das empresas, mas exige literacia financeira, temos que saber o que se passa”, acrescenta, sobre o fórum que é sobretudo “para entender”, para saber o que se passa nos “aspetos do microfinanciamento”.

As duas edições anteriores do Fórum das Finanças Ética e Solidárias decorreram no Porto (2015) e em Faro (2016).

PR/CB/OC

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