Lisboa: Procissão de Santo António regressou à rua, com pedidos de saúde e de paz (c/fotos)

Milhares de pessoas participaram em manifestação popular de devoção, recordando vítimas da pandemia e da guerra

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 14 jun 2022 (Ecclesia) – Milhares de pessoas participaram esta segunda-feira na Procissão de Santo António, que regressou às ruas do bairro histórico de Alfama, após dois anos marcados pela pandemia.

A celebração foi presidida por D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, que dirigiu uma saudação aos participantes, falando de uma “verdadeira festa”.

O responsável recordou que Santo António é um dos patronos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, que vai decorrer na capital portuguesa, sublinhando que este é “um desafio enorme”.

“Que todos os sonhos se possam concretizar, mas que cada um faça a sua parte”, referiu, após evocar quem morreu por causa da Covid-19 e aqueles que estiveram na linha da frente do combate à doença.

Frei Jorge Marques, reitor da Igreja de Santo António, destacou à Agência ECCLESIA que esta manifestação popular retrata a profunda “devoção” de muitas pessoas pelo religioso português.

“Santo António é de todo o mundo”, indicou.

A procissão partiu da igreja de Santo António e, durante duas horas, o cortejo, acompanhado por peregrinos e turistas, percorreu ruas decoradas pelos arraiais, incorporando progressivamente andores com as imagens dos santos das várias igrejas localizadas no percurso – São João da Praça, São Miguel, Santo Estevão, São Vicente e São Tiago -, até se concluir na Sé, com a bênção da cidade.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, viveu este momento pela primeira vez e disse à Agência ECCLESIA que se tratou de uma experiência “muito emocionante”.

“A nossa cidade também é isto, a devoção, a capacidade que os lisboetas têm de se unir. Santo António é uma grande figura, que marca a história de Portugal, pelas suas caraterísticas de humildade, de resiliência”, apontou.

Laurinda Alves, vereadora do município, referiu por sua vez que as procissões se “vivem por dentro”, sublinhando “o sentido de festa e de grande comunhão” que este momento proporciona.

A responsável confessou sentir uma “grande gratidão” pelo regresso desta celebração às ruas da capital.

“A devoção a Santo António é uma devoção feliz”, indicou.

José Alexandre, participante na procissão, assume que a devoção a Santo António faz parte da sua “cultura”, como lisboeta, destacando o impacto desta figura, ao longo dos séculos.

Sónia Ramires, imigrante brasileira, tem na Igreja onde o santo nasceu um ponto de referência, pedindo este ano, em particular, pela “paz no mundo”.

Juventina é “afilhada” de Santo António e reza regularmente, por intercessão do religioso franciscano”, para pedir “saúde, alegria” para os seus e “todos os que precisam”.

Gabriela chegou da Argentina, como peregrina, para celebrar “um santo de toda a vida”, que a acompanha “no trabalho, na saúde, no amor”.

“Há 16 anos que venho a Lisboa e tento estar sempre no dia 13, para agradecer, sempre”, relatou.

A Igreja Católica celebra anualmente a 13 de junho a festa litúrgica de Santo António, que nasceu em Lisboa no final do século XII e se tornou uma figura global da Igreja Católica.

Ainda em Portugal, Fernando, que viria a assumir o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra;  pouco depois da sua ordenação sacerdotal, ingressou na Ordem dos Frades Menores [Franciscanos], com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.

O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de Teologia na ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões.

O Papa Gregório IX canonizou-o apenas um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão.

Pio XII, em 1946, proclamou Santo António como Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor evangélico”.

HM/OC

 

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