Lisboa: Patriarca preside a ordenação episcopal de D. Rui Gouveia, convidando-o a ser «obreiro da esperança» (c/fotos)

Centenas de pessoas participaram na celebração, que decorreu na Igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora

Lisboa, 16 fev 2025 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa presidiu hoje à ordenação episcopal de D. Rui Gouveia, novo bispo auxiliar, que desafiou a ser um “obreiro da esperança”, tema do Jubileu 2025, proclamado pelo Papa.

“Convido-te, caríssimo D. Rui, a seres um obreiro da esperança. A ires ao encontro dos irmãos para lhes revelares, na luz de Cristo Ressuscitado, que a nossa pátria verdadeira e autêntica é a eternidade”, disse D. Rui Valério, na homilia da celebração, que decorreu na Igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora.

O novo bispo foi nomeado como auxiliar do Patriarcado de Lisboa pelo Papa Francisco, a 10 de dezembro de 2024.

D. Rui Gouveia era pároco da Anunciada e assistente diocesano da Pastoral Familiar, em Setúbal.

A homilia do patriarca de Lisboa alertou para a “desorientação” da sociedade.

“De modo particular o niilismo contemporâneo, que corrói a esperança no coração do homem, induzindo-o a pensar que dentro dele e ao seu redor reina o vazio: nada antes do nascimento, nada depois da morte. Na realidade, quando falta Deus, falta a esperança”, assinalou.

O presidente da celebração sublinhou a necessidade de missionários da esperança, pessoa capazes de reconhecer que Deus “é a sua fonte, o seu ponto de apoio e o seu horizonte”.

“Caro D. Rui, sê um artífice capaz de posicionar a esperança do mundo de hoje em conformidade com a esperança de Deus. Deixa que o Espírito Santo sopre sobre ti, seja qual for a circunstância em que te encontres, para escutares todos e dares voz a todos os que te procurem”, apelou.

O responsável católico apresentou as bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, como um “novo programa de vida”.

As bem-aventuranças de Lucas implicam um compromisso pessoal com os pobres, com os excluídos, com os que choram. Um compromisso com a paz, com a não-violência entre os homens, mesmo correndo o risco da perseguição. D. Rui, que saibas ser pioneiro de uma realidade nova, num tempo novo e bem-aventurado, nesta diocese que te acolhe com alegria, na certeza que caminharemos juntos”.

O patriarca de Lisboa pediu atenção para os “lugares de ausência de Deus”, sustentando que um bispo deve ser “um homem que se dedica abnegadamente aos outros, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas”.

A celebração teve como bispos co-ordenantes o cardeal D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, e D. Gilberto Reis, bispo emérito de Setúbal.

Antes da homilia decorreu a apresentação do eleito, com a leitura do mandato apostólico, por D. Ivo Scapolo, núncio em Portugal.

A liturgia da ordenação inclui a imposição das mãos e a unção da cabeça dos eleitos, a entrega do livro dos Evangelhos e das insígnias episcopais – o anel, a mitra e o báculo.

A Missa contou com a presença de 28 bispos, 180 sacerdotes e 46 diáconos, numa assembleia com cerca de 700 pessoas.

Entre os participantes esteve José Manuel Rodrigues, presidente da Legislativa da Madeira.

O novo bispo auxiliar de Lisboa nasceu a 17 de abril de 1975, em Joanesburgo, África do Sul, filho de família emigrante da Madeira, onde foi viver aos oito anos de idade.

D. Rui Gouveia passa a integrar a equipa episcopal de Lisboa, com o patriarca D. Rui Valério e os seus auxiliares D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma.

O lema episcopal de D. Rui Gouveia é retirado da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: ‘Com a simplicidade e a sinceridade que vêm de Deus’ (2 Cor 1, 12).

Lisboa, onde a presença da Igreja remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, foi elevada a metrópole eclesiástica, em 1393; em 1716 o Papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, ficando a antiga diocese dividida em duas até 1740, ano em que foi reunificada.

OC

No final da Missa, D. Rui Gouveia dirigiu-se aos presentes, para deixar vários agradecimentos, emocionando-se ao falar da família, e sublinhou que o seu percurso sacerdotal nasceu como “um amor que é resposta a outro Amor patente na Cruz”.

“Agradeço a confiança que o Santo Padre me deposita para esta missão tão honrosa e vital para o mundo”, indicou.

O responsável católico sublinhou que aceita esta missão numa “lógica de obediência de amor” à Igreja.

“Olhando para esta Igreja de Lisboa, creio que este é o destino que reconheço para mim: amar convosco e amar-vos como esposo e pai, como Jesus ama a Igreja, em fidelidade, serviço e comunhão incessante, ainda que em sofrimento de Cruz, no desejo de um dia no céu contemplarmos, todos juntos, o rosto de Jesus que revela o Pai no Espirito Santo”, concluiu.

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