Lisboa: «Marketing cultural» vai angariar fundos para restauro da igreja de São Cristóvão

Padre Edgar Clara é o primeiro cicerone das visitas guiadas ao património da Mouraria, este sábado

Lisboa, 13 abr 2015 (Ecclesia) – A igreja de São Cristóvão acolheu hoje a apresentação de um projeto de divulgação que pretende sensibilizar e captar fundos para a sua recuperação, depois ser um dos projetos vencedores do Orçamento Participativo de Lisboa.

“Ganhamos 75 mil euros que não podemos aplicar em restauro, mas que vamos aplicar em marketing cultural de forma que as pessoas sejam atraídas à igreja, que possam conhecer o património”, explicou o padre Edgar Clara à Agência ECCLESIA.

O pároco da igreja de São Cristóvão, no bairro histórico da Mouraria, observa que o património que não é conhecido “começa a degradar-se” e não há ninguém que queira ajudar “porque não conhece”.

Esta igreja data de 1680 e, do seu património destacam-se, por exemplo, 34 telas de Bento Coelho da Silveira, do século XVII, talha dourada, alfaias litúrgicas e paramentos.

O sacerdote alerta que é “absolutamente fundamental” o seu restauro e revela que desde há cinco anos procura “todo o tipo de concursos, projetos” para obter fundos até que venceu a edição 2014 do Orçamento Participativo de Lisboa.

O projeto «Arte por São Cristóvão» vai divulgar e promover a Igreja e o seu espólio através de iniciativas que começam este sábado, dia 18 de abril.

“Vou começar na igreja de Nossa Senhora da Saúde e termina na igreja de São Cristóvão”, informa o padre Edgar Clara, o cicerone da primeira visita guiada; depois, semanalmente as visitas são orientadas por técnicos profissionais.

Dos eventos que terminam no primeiro trimestre de 2016 contam-se arraias com sardinha e fado, às sextas-feiras, “durante as festas da cidade”, no próximo mês de junho.

Depois, em parceria com uma associação local, vai ser criada uma bolacha alusiva ao santo padroeiro, porque querem “meter São Cristóvão na boca de toda a gente”.

“No fundo que as pessoas possam comer uma bolacha e ao pagar ajudar na recuperação desta igreja”, acrescentou o sacerdote.

Concertos, seminários, restauros ao vivo e workshops para crianças, artistas e adultos, são outras atividades programadas para darem a conhecer a esta igreja, o seu património e angariar fundos para a sua recuperação.

A vereadora da Cultura, da Câmara Municipal de Lisboa, depois de uma pequena visita guiada pelo padre Edgar Clara, manifestou-se surpreendida com a “quantidade de obras de arte” e destacou uns paramentos do séc. XVII, “antiquíssimos e ainda em bom estado de preservação” que “são de facto lindíssimos”.

“Continuam a existir imensos recursos e valores na nossa cidade que são desconhecidos. Acho que é nossa obrigação, minha enquanto responsável pública, dar a ver todo esse património. É muito trabalho e exige alguma capacidade financeira”, observou Catarina Vaz Pinto.

O Orçamento Participativo de Lisboa pode ser “um filão” que a Igreja “descobriu para defesa do seu património” e outros projetos, disse a responsável.

Luís Aguiar Campos, sócio gerente da empresa ‘Signium – gestão de património cultural’, que está a apoiar este projeto, adianta que depois do planeamento, 18 meses é o prazo necessário para a intervenção na Igreja de São Cristóvão.

“Temos a necessidade de recuperar o edifício a partir da cobertura, janelas, paredes, cantarias. E depois a nível de interior todo o recheio artístico – pinturas, escultura – pavimentos, eletricidade e iluminação”, explicou o responsável.

CB

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