Responsáveis católicos destacam boas relações entre comunidades religiosas, em Portugal
Lisboa, 29 mar 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) publicou hoje uma nota em que “repudia e manifesta a sua consternação” pelo ataque desta terça-feira, por um homem armado no Centro Ismaelita de Lisboa, que provocou duas mortes e um ferido.
A organização católica manifesta ainda a sua solidariedade “com os familiares e amigos das vítimas, assim como para com a própria comunidade religiosa”.
Duas mulheres foram mortas ataque com uma arma branca, por um refugiado afegão que foi detido e está hospitalizado após ter sido baleado pela polícia.
Catarina Martins de Bettencourt, diretora do secretariado nacional da AIS, sublinha na nota enviada à Agência ECCLESIA que, em Portugal, “não se têm registado casos significativos de violência nem de discriminação por motivos religiosos”.
A responsável sustenta que, independentemente das motivações que tenham estado na origem deste ato criminoso, “os lugares de culto e das respetivas comunidades devem ser sempre respeitados e preservados como espaços sagrados, sendo que nada justifica o recurso à violência”.
Já o padre Peter Stilwell, responsável do Departamento de Relações Ecuménicas e Diálogo Inter-religioso do Patriarcado de Lisboa, fala deste ataque como “um choque para o país e para todas as comunidades religiosas.
“Portugal é tido como um país pacífico, e no campo religioso vivemos relações amigáveis e fraternas entre as confissões. Foi tanto mais chocante, por isso, saber do ataque sofrido por duas funcionárias do Centro Ismaili de Lisboa, no âmbito dos serviços que a Comunidade presta a migrantes”, assinala, em depoimento à Agência ECCLESIA.
O sacerdote sublinha que “não se vislumbra uma motivação religiosa direta” neste ataque.
“A todos nos entristece o sucedido. Gostaria, no entanto, de destacar como testemunho de exemplar humanidade o modo como a Comunidade Ismaelita assumiu de imediato responsabilidade pelas três crianças que, tendo perdido a mãe num campo de refugiados na Grécia, veem agora o pai detido em circunstâncias traumáticas”, conclui.
Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) afirmou hoje que “não há um único indício” de que o ataque de terça-feira tenha sido um ato terrorista, admitindo ter resultado de “um surto psicótico do agressor”.
OC