Lisboa: D. Manuel Clemente elogia «autenticidade» do Papa Francisco

Patriarca de Lisboa dialogou com Eduardo Sá e Isabel Stilwell em emissão de rádio ao vivo

Lisboa, 10 out 2013 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou hoje que o Papa Francisco se tem apresentado ao mundo como alguém “muito consistente, muito autêntico” que tem sabido atrair as pessoas.

“As pessoas reconhecem uma autenticidade”, declarou D. Manuel Clemente, numa transmissão de rádio em direto na Antena 1 da rádio pública, com o psicólogo Eduardo Sá e a jornalista Isabel Stilwell.

‘A fé do avesso’ foi o nome dado à emissão especial, transmitido a partir da Universidade Católica Portuguesa.

Para o patriarca de Lisboa, a reação das pessoas ao novo pontificado tem sido “boa”, frisando que aquilo que o Papa “está a dizer e a fazer não é propriamente grande surpresa para quem tenha acompanhado o percurso do bispo Bergoglio”.

“O que esta eleição trouxe foi uma certa descentração da vida da Igreja Católica”, muito ligada à Europa, dando destaque à América Latina e ao Hemisfério Sul, acrescentou.

O atual Papa apresenta “outra maneira de estar, outra maneira de se relacionar com as coisas”.

“Ele pode escrever, mas o que convence mais é a autenticidade de quem escreve”, justificou.

Questionado sobre os “rótulos” que são colocados a Francisco, D. Manuel Clemente afirmou que se tratam de “uns clichés que ajudam à conversa e mantêm a cenografia”.

“O que interessa é que eles são ultrapassados pela consistência pessoal que se tem”, prosseguiu.

O patriarca de Lisboa destacou a “matriz cristã” da sociedade portuguesa e defendeu a necessidade de que fé e ciência se possam “encontrar mais à frente” para sair de “grandes encontrões”.

“Julgo que nos temos de encontrar mais à frente, no sentido de um saber mais humano”, insistiu, propondo a substituição da “ideia de domínio pela ideia de relação”.

D. Manuel Clemente declarou que “a dúvida é amiga da fé” no sentido em que questiona respostas que “talvez tenham sido apressadas”.

As interrogações “humanas” levam a “reapropriações sucessivas” da figura de Jesus, que “recuperam a relação mais a fundo”, precisou.

Para o patriarca de Lisboa, é fundamental reconduzir a fé cristã à “vida, palavra e atitudes de Jesus de Nazaré”.

Definindo o inferno como “a falta dos outros”, D. Manuel Clemente declarou que há um “núcleo de convicções básicas de solidariedade” que deve “vir ao de cima” na Europa e na atuação dos organismos internacionais.

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deixou ainda um elogio a quase um “milénio de sobrevivência” de Portugal.

“O que me dá confiança em Portugal não é propriamente as nossas grandes vitórias, é a maneira como ultrapassamos as derrotas”, prosseguiu.

OC

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