Lisboa: D. José Policarpo passa testemunho

Patriarca emérito despede-se com apelo de «esperança» e fidelidade à «fé da Igreja»

Lisboa, 29 jun 2013 (Ecclesia) – O patriarca emérito de Lisboa, D. José Policarpo, despediu-se hoje com uma apelo à “esperança” e ao testemunho da “fé da Igreja”, projetando a sua sucessão como bispo diocesano.

“O senhor D. Manuel (Clemente), novo patriarca, e eu próprio, só desejamos uma coisa: que a Igreja de Lisboa cresça, se consolide como povo crente, que quer ser no meio da nossa sociedade um testemunho da esperança, da visão da vida como ela brota da sua união a Cristo”, disse o cardeal, na homilia da missa a que preside no Mosteiro dos Jerónimos, com a ordenação de seis sacerdotes.

D. José Policarpo, de 77 anos, apresentou a sua renúncia ao cargo em 2011, por limite de idade, resignação aceite por Bento XVI e confirmada pelo Papa Francisco, que a 18 de maio nomeou como novo patriarca de Lisboa o até então bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

O cardeal apontou como prioridade o “fortalecimento da Igreja de Lisboa” e disse que ele próprio e o seu sucessor querem “contribuir” para esse objetivo.

“Ambos amamos bastante esta Igreja para tudo fazermos, na verdade das nossas vidas, para que ela cresça na verdade e na fidelidade”, prosseguiu.

A intervenção deixou o pedido de que a fé seja “sempre a fé da Igreja, de toda a Igreja como povo crente e não a expressão da maneira individual de acreditar”.

“A confissão da fé da Igreja exige tanta renúncia, tanta humildade da inteligência, tanto sentido de corpo e de comunhão”, defendeu.

D. José Policarpo sublinhou, a este respeito, a importância da “união ao Papa”, elogiando todos Papas os que conheceu na sua vida “pela riqueza do seu magistério”.

“A sua palavra ensinou-me o caminho da fé e da verdade e, por vezes, levou-me a corrigir perspetivas pessoais na compreensão da complexa realidade cristã”, admitiu o cardeal.

Neste momento em que deixa o ministério de bispo diocesano, D. José Policarpo, quis deixar a sua “expressão de fé e de caridade fraterna para com o atual bispo de Roma, o Papa Francisco”.

“Na comunhão com ele, exprimo a minha gratidão por todos os Papas da minha vida sacerdotal, que muito me ajudaram a manter sempre viva esta consciência da fé da Igreja, apesar das minhas fragilidades”, acrescentou.

O patriarca emérito disse acolher “com coração humilde” tudo o que o Papa Francisco decidir a seu respeito: “Aceito tudo o que me pedir, e ofereço-lhe a ele, e através dele à Igreja, o silêncio da minha oração, a busca da contemplação, a procura contínua da verdade”.

A cerimónia, que decorre na solenidade litúrgica dos apóstolos Pedro e Paulo, é a última a que D. José Policarpo preside no seu “ministério apostólico de bispo de Lisboa”, destacou o próprio, para quem “esta celebração está mais voltada para o futuro do que para o passado”.

O patriarca emérito confessou que alguém lhe sugeriu que os novos padres fossem ordenados já pelo novo patriarca, D. Manuel Clemente, que tomará posse daqui a uma semana, mas que este decidiu que “ se seguisse a normalidade da programação pastoral”.

D. José Policarpo remeteu para o exemplo dos próprios apóstolos Pedro e Paulo, os quais procuraram que o ministério apostólico, “alicerce da autenticidade da Igreja, não ficasse prisioneiro das suas pessoas”.

A celebração conta com a presença de autoridades religiosas, civis, judiciais, militares e académicas.

OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top