Lisboa: «Ciência, arte e conhecimento», desafios atuais à Igreja Católica

Penúltima sessão de encontro promovido por movimentos católicos para preparar Sínodo diocesano

Lisboa, 15 mai 2015 (Ecclesia) – A iniciativa ‘Escutar a cidade’ promoveu esta quinta-feira um debate sobre «Ciência, arte e conhecimento», áreas fundamentais da sociedade e da humanidade, no Fórum Lisboa.

A cientista e investigadora Maria Mota apresentou-se como uma pessoa “muito otimista” e revelou a sua perspetiva de como considera que a “sociedade portuguesa se deve desenvolver”.

À Agência ECCLESIA, a vencedora do Prémio Pessoa 2013 alertou que o caminho tem de ser o de uma sociedade de “conhecimento”.

A especialista, premiada pela investigação no tratamento e prevenção da malária, explicou que o ser humano não pode ser “ignorante” até porque “quer saber sempre mais” e a Igreja Católica, com um “poder cívico enorme”, tem o “dever” de dar esse impulso porque o conhecimento permite a sociedade ser “muito mais igualitária, tolerante”.

Já o novo diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II refletiu sobre o lugar da cultura e da arte na vida das pessoas, na cidade, quais “os grandes obstáculos” e os caminhos percorridos com “sintomas de sucesso”.

“Vou tentar devolver o apelo à participação que passa pela presença nos teatros”, acrescentou Tiago Rodrigues, para quem a ideia de escuta que com “mais ou menos ruído, silêncio” motiva a uma reflexão e é “mais fundamental” do que o confronto.

“Os católicos são pessoas formadas em valores que historicamente estão ligadas à arte e essa ideia de uma arte que muitas vezes foi instrumental para afirmar as ideias católicas não deixa de ser o reconhecimento que é um valor espiritual, identitário e da dignidade humana”, desenvolveu.

O programador cultural considerou esta iniciativa “muito interessante” e antes de começar a sessão estava “muito curioso” em também “escutar a cidade junto dos católicos” para perceber como é que as diferentes áreas de saber podem “pensar um lugar central” que acredita que a criação artística tem “na vida dos portugueses”.

Por usa vez, o compositor e musicólogo António Pinho Vargas revelou as suas “expectativas” sobre a “política cultural do Estado” e o que espera das comunidades católicas na sua área de intervenção.

O interlocutor que nos últimos anos compôs “peças com temática religiosa” assinalou que é “talvez” dos não crentes aquele que “melhor conhece a Bíblia”, cujos textos lidos na adolescência o têm acompanhado e “são muito importantes na cultura ocidental”.

A arquiteta e a autarca lisboeta, Helena Roseta, resumiu “os grandes pecados sociais” da cidade – “pobreza, desigualdade, solidão” – e explicou como se podem combater, desafinado “os católicos e pessoas de boa vontade” a participarem no processo de cidadania.

Neste contexto, a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa disse que “basta seguir as palavras do Papa Francisco” e os católicos têm de sair das suas “caixinhas e pôr as energias e saberes” à disposição da cidade.

“As pessoas que se voluntariem e vejam nas áreas que mais lhe interessam se podem ser úteis”, apelou Helena Roseta que lembrou o “reservatório de energia espantoso” que são os reformados com “experiência, conhecimento e saber”.

No dia 18 de junho, o último encontro do ‘Escutar a Cidade’ tem como tema ‘‘Linguagens, espiritualidades, sexualidade e convicções’’, no Fórum Lisboa, a partir das 19h00.

As seis sessões nasceram por iniciativa de cerca de 30 movimentos, comunidades e organizações católicas, como forma de auscultar crentes e não crentes na preparação do Sínodo Diocesano de Lisboa, marcado para 2016.

CB/OC

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top