D. Manuel Clemente presidiu à Missa da solenidade de São Vicente, mártir e diácono
Lisboa, 23 jan 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa presidiu este domingo à solenidade do padroeiro principal do Patriarcado, o diácono e mártir São Vicente, apelando a imitar o seu testemunho de fé e serviço.
“Não se trata de sermos muitos ou poucos, mais ou menos do que em outras épocas supostamente seríamos (…). Trata-se de sermos autênticos e claros, hoje como ontem, como foi Vicente, mártir e diácono, ou seja, testemunhas de Cristo e servidores de todos, com especial atenção aos mais pobres, de todas as pobrezas que sejam”, declarou D. Manuel Clemente, na homilia da Missa que se celebrou na Sé patriarcal.
O responsável católico evocou São Vicente, vítima da “última grande perseguição romana”, no início do século IV, como inspiração para quem testemunha a fé em Cristo.
“Falta sempre muito, falta sempre mais. Celebrar São Vicente como nosso padroeiro é um apelo forte e decisivo à conversão, pois ou se vive o Evangelho como ele o viveu ou não corresponderemos ao padroado que nos presta”, apontou.
O patriarca de Lisboa destacou, a este respeito, que “hoje continuam a ser tantos” os mártires cristãos, que desafiam todos à “fidelidade evangélica, testemunhada na vida”.
“Reconheçamos que há muito a fazer, para que o Evangelho que ele testemunhou e serviu chegue a muita gente no nosso espaço, seja a antigos residentes, por vezes já esquecidos da fé dos seus antepassados, seja aos que chegam agora e não conhecem a Cristo nem o que Ele trouxe ao mundo”, advertiu.
No que se pensa – ou nem sempre, infelizmente – em relação à dignidade da vida humana e do que esta inclui no seu arco natural completo; e do que esta requer, desde a educação integral, que nos liga à criação e ao Criador, até a tudo o que é preciso como habitação, trabalho, saúde e companhia, para sermos uma sociedade digna deste nome: pessoas com pessoas, todos com todos e cada um”.
D. Manuel Clemente afirmou que “há muito Evangelho a pôr no mundo, como também há muito mundo a resistir-lhe”, pedindo que os católicos estejam “próximos de todos”.
O cardeal recordou que São Vicente é um dos padroeiros da próxima Jornada Mundial da Juventude, como referência de “acolhimento e serviço” à “multidão juvenil” que vai estar em Lisboa, de 1 a 6 de agosto deste ano.
Nos 850 anos da chegada das relíquias de São Vicente à Sé de Lisboa, o Município “delineou até janeiro de 2024 uma vasta programação cultural, que inclui percursos, exposições, conversas, conferências e lançamento de livros”.
OC
Vicente, um jovem diácono da Igreja de Saragoça, morreu mártir em Valência, Espanha, no ano de 304, durante a perseguição aos cristãos, depois de sofrer torturas.
Segundo Prudêncio, um poeta cristão da Antiguidade, os restos mortais de Vicente foram mandados lançar aos pântanos, fora dos muros da cidade, para que fossem devorados por animais, mas os seus restos foram protegidos por corvos, que impediram a profanação do corpo. A tentativa de recuperação do corpo foi ordenada por D. Afonso Henriques, que mandou construir o Mosteiro de São Vicente de Fora em 1147, no cumprimento de um voto dirigido a São Vicente pelo sucesso da conquista de Lisboa aos mouros. O corpo do mártir chega a Lisboa no dia 15 de setembro de 1173 e é depositado em Santa Justa. No dia seguinte é trasladado para o altar-mor da Sé e do Algarve chega tudo o que pertencia ao mártir. Parte das relíquias de São Vicente ainda existem hoje na Sé de Lisboa. A sua festa é assinalada a 22 de janeiro. São Vicente é iconograficamente representado com a barca que o transportou e os corvos, ambos emblema da cidade de Lisboa.
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