D. Manuel Clemente escreve aos padres da diocese, saudando dedicação à Igreja
Lisboa, 03 mai 2020 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa dirigiu hoje uma carta ao clero da diocese, no Domingo do Bom Pastor, na qual destaca a necessidade de manter suspensão das celebrações comunitárias, “a bem da saúde pública”.
“Sabemos que o fim do estado de emergência não significou o fim da pandemia e do grande perigo de ela alastrar, se não mantivermos o cuidado necessário. O Governo não autorizou celebrações religiosas em geral até ao fim deste mês; e o Santo Padre pediu para todos nós a graça da prudência e da obediência às orientações oficiais, para que a pandemia não regresse”, escreve D. Manuel Clemente, numa missiva divulgada online, evocando a atual pandemia de Covid-19.
“Custa-nos certamente, mas temos de cumprir, a bem da saúde pública. Atentos ao bem de todos e de cada um, com o cuidado que a sua vida nos requer, da saúde do corpo à do espírito, totalmente considerada e respeitada, para ser vida em abundância”, acrescenta.
Com o regresso das celebrações comunitárias da Missa adiado até 30 de maio, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa assume a “a dificuldade pessoal de assim ter de ser, a bem de todos”.
“Como vós, fui formado para acompanhar presencialmente o Povo de Deus, em especial na celebração eucarística e demais sacramentos, cuja administração nos define e realiza. Assim voltará a ser, logo que possível, como o Povo de Deus tanto anseia – e nós com ele”, precisa.
No que nos cabe, defendemos a saúde dos fiéis e anunciamos a vida ressuscitada de Cristo. Essa mesma que não precisa que lhe abram a porta para se manifestar perto ou longe”.
A carta aos sacerdotes começa por saudar a “dedicação demonstrada ao Povo de Deus”.
“Especialmente neste tempo difícil, em que a presença física tem de ser quase substituída pelos meios de comunicação, antigos e novos, ao nosso alcance. Tem sido grande a vossa ação e criatividade neste sentido”, refere D. Manuel Clemente.
No primeiro dia após o final do estado de emergência, o responsável católico aponta aos reencontros, desejando que os meios usados durante o confinamento se possam alargar a “auditórios mais vastos”.
“Como tenho verificado e ouvido a vários de vós, nunca chegámos a tantas pessoas e a tantos lados como agora. E mesmo a muitos não cristãos ou não praticantes, encetando assim um contacto promissor”, acrescenta.
O cardeal-patriarca de Lisboa assinala que muitas famílias testemunham como o confinamento obrigatório foi “ocasião de se redescobrirem como ‘igrejas domésticas’, com o Ressuscitado bem presente nos seus lares”.
“Também esta é uma experiência a não perder, complementando as celebrações comunitárias a que voltaremos assim que pudermos, como corpo eclesial de Cristo”, pede D. Manuel Clemente.
“Irmãos e amigos sacerdotes, é com este cuidado e atenção que permaneço inteiramente convosco, eu e os meus colegas Bispos ao serviço do Patriarcado. Contai connosco, como nós contamos convosco, em oração e mútua estima. Nossa Senhora, cuja ternura maternal preenche inteiramente o mês de maio, vos acompanhe de perto e a todo o povo que servis”, conclui.
OC