Lisboa: Cardeal-patriarca alerta para messianismos políticos

D. José Policarpo apresenta reflexão sobre o sofrimento de Jesus e a Páscoa

Lisboa, 24 mar 2013 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca, D. José Policarpo, disse hoje na Sé de Lisboa que a Páscoa de Jesus não é concretização de esperanças políticas ou reação à “algazarra dos entusiasmos humanos”, mas uma resposta que aponta à eternidade.

“O mistério da Cruz realiza as profecias, mas denuncia todos os entusiasmos messiânicos eivados de expectativas políticas”, referiu o responsável, na homilia da missa do Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa.

Neste domingo, recorda-se a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, seis dias antes da sua morte, na qual, segundo o relato dos Evangelhos, foi saudado por uma multidão com palmeiras e oliveiras como sinal de alegria e paz.

O patriarca de Lisboa afirmou que o entusiasmo dos peregrinos que receberam Jesus como um “rei messiânico” era ambíguo.

“Para uns seria carregado da esperança que a sua fé fundamentava; para outros estaria carregado de utopia política e pensavam que chegara a hora da libertação dos opressores; mas ninguém aceitava que a missão messiânica fosse a do Servo sofredor”, observou.

Nesse sentido, acrescentou, não surpreende que muitas destas pessoas “depois gritassem: ‘Crucifica-o’”.

Segundo o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, as celebrações que evocam “o mistério da morte e ressurreição de Cristo” convidam os católicos a “purificar as imperfeições” da celebração humana da Páscoa.

“Antes de mais os nossos pecados que nos impedem de uma mais completa união a Cristo para celebrar a Páscoa, como Ele a celebra. A conversão é exigência fundamental da celebração da Páscoa da Igreja. Tomemos isso a sério”, apelou.

D. José Policarpo lamentou que os católicos rejeitem o “sofrimento, seja ele qual for” que “inevitavelmente” faz parte da existência.

“Sempre que rejeitamos o sofrimento tornamo-nos incapazes de celebrar a Páscoa com Cristo. Só Ele nos ensina que oferecer o sofrimento é uma maneira de o vencer e de lhe dar sentido”, precisou.

Para o cardeal-patriarca de Lisboa, a convicção da “vitória de Cristo sobre a morte” e da “vida eterna” deve ajudar a dar “um sentido novo ao sofrimento” que atinge cada um, porque “não há Páscoa fugindo da Cruz”.

“Em cada ano podemos ir mais ao fundo desta dignidade de podermos celebrar a Páscoa com Cristo, abrindo todo o nosso ser à força transformadora que dela brota, na certeza que só no termo da nossa peregrinação, depois de passarmos pela purificação da morte, vida oferecida para conquistar a vida, penetraremos completamente na Páscoa de Jesus”, concluiu.

A Semana Santa, o ciclo litúrgico mais importante do calendário católico, recorda os momentos que antecederam a prisão e execução de Jesus e culmina na Páscoa, na qual se celebra a ressurreição de Cristo.

OC

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