Sergio Alfieri, responsável pela operação, considera que Francisco vai ficar «melhor do que antes», assumindo cautela na convalescença
Roma, 09 jun 2023 (Ecclesia) – O cirurgião responsável pela operação ao Papa, Sergio Alfari, disse hoje aos jornalistas que a decisão sobre a intervenção da última quarta-feira teve em mente, entre outras questões, a próxima JMJ, que vai decorrer em Lisboa.
“[Francisco] tem a cabeça de um sexagenário: decidiu avançar para a cirurgia porque fez cálculos, em agosto tinha de ir ali, depois acolá… ‘Vou ser operado na quarta-feira, porque assim posso respeitar os meus compromissos’. Isso foi o que disse”, precisou o especialista, em conferência de imprensa, no Hospital Universitário Agostino Gemelli, em Roma.
Para o cirurgião, do ponto de vista médico o Papa poderá “enfrentar melhor do que antes, se os quiser manter, todos os compromissos, tanto dentro como fora da Santa Sé”.
As audiências pontifícias foram suspensas, de forma preventiva, até 18 de junho.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, voltou a sublinhar que todos os compromissos já assumidos, após essa data, se “mantêm de pé”.
O Papa foi submetido a uma intervenção cirúrgica, com anestesia geral, na tarde da última quarta-feira, para resolver as complicações provocadas por uma hérnia abdominal.
Segundo Alfieri, diretor do departamento de ciências médicas e cirúrgicas abdominais, no Gemelli, se a convalescença for “cuidadosa”, Francisco poderá “não só fazer o que fazia antes”, mas até “melhor”, porque “já não terá o incómodo” do problema de saúde.
“Pedimos ao Santo Padre que fizesse parte da convalescença no hospital, – mais do que 4 ou 5 dias depois da operação, esperamos convencê-lo a ficar, pelo menos, toda a próxima semana – porque isso lhe vai permitir voltar à sua atividade com mais força e mais segurança, até porque ele não se poupa”, realçou.
Quando chegar a casa, ele é chefe de governo, o chefe da Igreja, de milhões de cristãos, uma pessoa que, aos 86 anos, tem responsabilidades significativas. É muito importante que regresse fisicamente forte”.
Respondendo a questões dos jornalistas, o cirurgião quis destacar que o Papa “não tem qualquer problema cardíaco” e rejeitou que o pontífice tivesse sofrido um enfarte antes do seu anterior internamento no Hospital Gemelli, em março deste ano, por causa de uma infeção respiratória.
“Às vezes, os boatos alimentam e podem encher as páginas, mas digo-vos com profissionalismo médico: apesar da idade do Papa, 86 anos, não tem patologias cardiológicas, não tem patologias respiratórias graves (…), não tem nenhum problema cardiorrespiratório sério”, sustentou, durante o encontro com os media, que durou cerca de 20 minutos.
Francisco aceitou o conselho médico e, este domingo, recitará a oração do ângelus em privado, como medida de “prudência”.
“Sair da cama e sentar-se na poltrona”, explicou Sergio Alfari, “é um movimento que coloca em tensão a parede abdominal”.
O especialista recordou que, em 2021, o ângelus foi recitado desde o apartamento do Papa, no 10.º andar do Gemelli, uma semana após a intervenção cirúrgica, que teve lugar a 4 de julho.
Neste momento, acrescentou, a prioridade é “prestar atenção à cicatrização” para que a rede prostética, inserida na parede abdominal, não se rasgue.
O cirurgião voltou a precisar, como acontecera na quarta-feira, que o internamento não foi uma medida de urgência e resultou de uma situação que foi piorando “progressivamente”, provocada pelas “cicatrizes internas” de uma intervenção de 1980, na Argentina, também ao intestino, por causa de uma peritonite.
Francisco tem viagens marcadas a Portugal, por ocasião da JMJ Lisboa 2023, e à Mongólia, em agosto, bem como à cidade francesa de Marselha, em setembro.
OC