Lisboa 2023: JMJ é oportunidade de lembrar vítimas da guerra, refugiados e deslocados – D. Luiz Fernando Lisboa

Bispo brasileiro assume intenção de se reencontrar com os jovens de Pemba e recordar drama de Cabo Delgado

Foto: Lusa

Lisboa, 28 jul 2023 (Ecclesia) – D. Luiz Fernando Lisboa, bispo da diocese brasileira de Cachoeiro de Itapemirim, vai participar na JMJ Lisboa com uma atenção particular à sua antiga comunidade, em Pemba, no norte de Moçambique, denunciando os sofrimentos causados pela guerra.

“Quantos jovens gostariam de estar participando nem vão poder acompanhar a Jornada Mundial da Juventude, porque são refugiados, porque são migrantes, porque são deslocados, porque tiveram de sair das suas terras, das suas casas em procura de uma vida mais digna? Fugiram da fome ou da guerra ou da falta de oportunidades”, refere o responsável católico, em entrevista conjunta à Agência ECCLESIA e Rádio Renascença.

O missionário brasileiro, que foi bispo de Pemba, norte de Moçambique, de 2013 a 2021, diz que olha com “muita tristeza” para a situação em Cabo Delgado, região atingida pela violência jihadista, considera que as autoridades “não fizeram tudo no tempo certo”.

“Houve, na verdade, muitos massacres”, alerta, sustentando que “a população em geral, de Moçambique, não merece ter dados escondidos, não merece ficar sem chorar os seus mortos”.

D. Luiz Fernando Lisboa assume a intenção de se encontrar com a delegação de Moçambique, “especialmente” os jovens de Pemba, sublinhando que “o mundo precisa de conhecer, precisa de saber” o que se passa no norte de Moçambique.

O responsável católico sublinha que muitos jovens brasileiros gostariam de ter vindo a Lisboa, destacando a presença de 10 mil participantes do país sul-americano, apesar das dificuldades económicas.

Da Arquidiocese de São Paulo, por exemplo, houve o envio de milhares de jovens. As dioceses menores, como a minha, que têm menos possibilidades, envia 6 jovens”, relata, assinalando que esta participação “pode enriquecer a Jornada como um todo”.

Os jovens que vão participar, muitos deles fizeram rifas, fizeram festinhas na comunidade, venderam terços, venderam comida, enfim, fizeram um grande esforço para conseguirem viajar para a Jornada Mundial”.

 O bispo de Cachoeiro de Itapemirim fala num tempo de “esperança”, no Brasil, com um novo ciclo e políticas de atenção à educação e aos mais pobres.

Foto: Diocese de Pemba

Quanto ao encontro com o Papa em Lisboa, D. Fernando Luiz Lisboa entende que esta presença “vai ser muito importante para toda a juventude e para a Igreja no mundo inteiro”.

“Ele quer mostrar a força do Evangelho e, como um sinal de Deus neste mundo, mostrar que Deus está presente, para que não desanimemos e a juventude se sinta amada por Deus, para que possa assumir o seu protagonismo”, indica.

O bispo fala da JMJ, que o Brasil recebeu em 2023, no Rio de Janeiro, como um “um momento de revigoramento, um momento de renovação”, que vai deixar marcas “durante muitos anos”.

Octávio Carmo (Agência Ecclesia) e Henrique Cunha (Rádio Renascença)

 

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Agência ECCLESIA

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